Reino Unido escolhe nesta quinta novo premiê e beira ampla maioria do Partido Trabalhista
Segundo pesquisa do instituto YouGov, Keir Starmer deve ser eleito para substituir Rishi Sunak e acabar com os 14 anos de governo conversador
O Reino Unido vai às urnas nesta quinta-feira (4) em uma eleição que deve tirar os conservadores do poder depois de 14 anos. Segundo pesquisa do instituto YouGov, divulgada na quarta-feira (4), o Partido Trabalhista deve conquistar maioria histórica no Parlamento, o que levará o líder da legenda, Keir Starmer, a substituir o atual primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, no cargo. Essa será a quarta alteração no poder em menos de dois anos, algo tradicionalmente incomum no Reino Unido. Historicamente, os líderes passam décadas no poder. A pesquisa mostra os trabalhistas com 39% das intenções de voto, bem à frente dos conservadores, que somam 22%. Até os conservadores já dão como certa a sua derrota. Um de seus ministros mais leais, Mel Stride, do Trabalho e Pensões, antecipou essa queda, dizendo que os trabalhistas provavelmente ganharão “a maioria mais ampla que qualquer partido já conseguiu”. “Aceitei as pesquisas como elas estão no momento, e parece muito improvável que elas estejam muito erradas, porque elas têm se mantido consistentemente no mesmo lugar há algum tempo, (portanto) é muito provável que amanhã haja a maioria mais ampla que qualquer partido já conseguiu”, disse Stride. A sondagem projeta que os trabalhistas conquistarão 431 assentos, um crescimento de 229 em relação ao pleito anterior, de 2019.
Por outro lado, os conservadores teriam uma redução de 263 cadeiras, a 102. Segundo o levantamento, os partidos seriam seguidos pelo Liberal-Democrata (72), o Partido Nacionalista Escocês (18), o Reforma (3), o Plaid (3) e o Verde (2). Para governar com maioria absoluta, um partido precisa conquistar pelo menos 326 assentos. Caso o resultado seja consolidado, os trabalhistas vão ter mais cadeiras do que em 1997, quando era liderado por Tony Blair. Mais de 45 milhões de cidadãos de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, as quatro nações que formam o Reino Unido, estão sendo convocados às urnas para votar na composição da Câmara dos Comuns, com 650 assentos. Apesar de não aparecer entre as primeiras colocações nas eleições, os últimos anos de brigas caóticas no Partido Conservador, que em apenas três anos teve três primeiros-ministros diferentes (Boris Johnson, Liz Truss e Sunak), favoreceram a ascensão do partido populista de direita Reform UK, liderado pelo polêmico Nigel Farage. Esse político antimigração e antieuropeu afirma que os conservadores estão “acabados” e que a verdadeira oposição será liderada pelo Reform UK.
Essa será a primeira eleição que acontece desde a morte de da rainha Elizabeth II e as primeiras desde dezembro de 2019, a qual, depois de dois premiês de “tampão” o governante voltará a ser escolhido pela população. Os conservadores vão para as eleições com desgastes políticos, após a maratona de negociações do Brexit, a pandemia, a crise energética devido à guerra na Ucrânia, os escândalos que assolaram o governo de Boris Johnson — no poder entre 2019 e 2022 — devido ao “partygate” (as festas em Downing Street durante a pandemia de Covid-19), mas, acima de tudo, devido à crise do custo de vida e ao aumento da migração legal e ilegal. Fatores esses que fizeram com que eles perdesse credibilidade entre os eleitores que buscam mudanças. Na quarta, os candidatos fizeram os últimos comícios para convencer os indecisos. Sunak e seu partido sofreram um novo revés depois que o influente tabloide “The Sun”, ideologicamente mais próximo dos conservadores, anunciou seu apoio ao Partido Trabalhista. Em uma tentativa desesperada de conseguir mais votos nas eleições britânicas, os conservadores receberam o apoio do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, em sua primeira aparição na campanha.
“Se querem proteger a nossa democracia e a nossa economia, e manter este país forte no exterior (…), então já sabem o que fazer, votem no Partido Conservador na quinta-feira”, acrescentou o ex-chefe de governo. Johnson renunciou em 2022 após uma série de escândalos, incluindo festas na residência oficial do primeiro-ministro durante a pandemia de Covid. Os trabalhistas, por sua vez, durante último dia da campanha, repetiram a palavra “mudança” para tirar o país de sua estagnação econômica e social, devido à falta de crescimento, às intermináveis listas de espera no setor de saúde, à falta de moradias a preços acessíveis, ao aumento da criminalidade e às demandas de diferentes setores por melhores salários. Conforme mostrou reportagem da Jovem Pan, essas eleições vão ser um referendo sobre as decisões que o Partido Conservador tomou em relação ao novo relacionamento do Reino Unido com a União Europeia. Desde a saída do Brexit, em janeiro de 2020, os resultados que tinham sido prometidos, não aconteceram. Também estará em pauta a unidade do Reino Unido, já que nações pertencentes, como Escócia e Irlanda do Norte, querem se desligar. A situação no Reino Unido mostra a importância da estabilidade do primeiro-ministro, o que contribui diretamente para a estabilidade e o crescimento, porque, essas trocas no governo britânico criam um “cria um aspecto de deslegitimação, porque a pessoa que lidera o partido não foi a que a população escolheu nas eleições gerais.
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