Sem imunidade presidencial, Trump enfrentará ações criminais e civis

Caso a projeção feita pela mídia norte-americana se concretize, o empresário terá que enfrentar uma série de processos na Justiça que ficaram parados nos últimos quatro anos

  • Por Bárbara Ligero
  • 20/11/2020 11h23
EFE/EPA/Olivier Douliery / POOL Trump está envolvido em acusações de fraude bancária, imobiliária e de seguros, além de suborno e má conduta sexual

Enquanto presidente dos Estados Unidos, Donald Trump possui uma série de proteções contra processos na Justiça. Agora que a mídia norte-americana projetou a vitória de Joe Biden nas eleições, tudo indica que dentro de dois meses o republicano voltará a ser um cidadão comum, impossibilitado de se esquivar das ações movidas contra ele e suas empresas. O principal inquérito está tramitando há dois anos na Promotoria de Manhattan e envolve possíveis fraudes bancárias e de seguros da Organização Trump. A procuradoria pediu que a empresa responsável pela contabilidade do presidente desse acesso a oito anos de seus registros financeiros, mas Trump vem tentando anular a intimação alegando que ela é “extremamente exagerada” e se configura como um “assédio político”. Em Nova York, alguns tipos de fraude fiscal podem ser taxados de crimes, e assim, resultar em longas sentenças de prisão. A Procuradoria-Geral desse mesmo estado também está investigando a Organização Trump por fraude imobiliária. Desde 2019, a empresa está sendo acusada de ter inflado o valor de seus bens para conseguir melhores empréstimos bancários e subestimado esses mesmos valores para ter reduções nos impostos. O presidente tem se esquivado da ação afirmando estar “muito ocupado” para lidar com processos judiciais.

Enquanto pessoa física, o republicano está sendo investigado por suborno. Em 2018, o seu então advogado, Michael Cohen, foi preso por ter comprado o silêncio de duas mulheres que tiveram relações sexuais com Trump, a atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal. O objetivo seria evitar que os casos extraconjugais viessem à tona durante a campanha eleitoral de 2016. Como a promotoria não conseguiu comprovar que foi o presidente quem instruiu Cohen a fazer os pagamentos, apenas o advogado foi sentenciado à prisão até agora. Na época, Cohen questionou à revista The New Yorker: “Por que eu sou o único que vai para a cadeia? Não fui eu quem dormiu com a estrela pornô”. O advogado disse, ainda, que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., é quem deveria ter sido preso, já que foi ele quem teria “assinado os cheques”. Em 2018, Trump admitiu em sua conta pessoal no Twitter que reembolsou Cohen pelos “acordos de sigilo” que, segundo ele, “são muitos comuns entre celebridades e pessoas ricas”. No entanto, ele negou que esses contratos tenham algo a ver com a campanha eleitoral de 2016.

Por fim, há décadas o atual presidente dos Estados Unidos é acusado de má conduta sexual por várias mulheres diferentes. Muitas delas vieram à público quando Trump ainda tentava a presidência. Um dos casos mais notáveis é o de Elizabeth Jean Carroll, colunista da revista Elle, que acusou o presidente de estuprá-la na década de 1990. Outro processo envolve Summer Zervos, ex-concorrente do programa “O Aprendiz”, que era apresentado por Trump no início dos anos 2000. Zervos alega que o empresário abusou sexualmente dela durante uma reunião para discutir oportunidades de emprego em um hotel de Beverly Hills, em 2007.  O presidente vem negando todas as acusações, taxando-as como “notícias falsas” e “difamações políticas”.

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