Nova York pagará US$40 milhões em compensação aos “Cinco do Central Park”

  • Por Agencia EFE
  • 20/06/2014 21h52

Nova York, 20 jun (EFE).- A cidade de Nova York chegou a um acordo para compensar com US$40 milhões os homens conhecidos “Cinco do Central Park”, condenados por um estupro em 1989, que não cometeram, e cujo caso se transformou em símbolo da discriminação racial da polícia e da Justiça nos Estados Unidos.

O valor foi divulgado nesta sexta-feira pelo jornal “The New York Times” e outros veículos de comunicação, enquanto as autoridades confirmaram a existência de um acordo, mas não entraram em detalhes.

Há mais de uma década, os cinco rapazes processaram a cidade em US$250 milhões pela atuação da polícia e da Justiça que os levou à detenção e, posteriormente, à condenação.

Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana, Antron McCray e Korey Wise – todos afro-americanos e latinos – passaram entre seis e 13 anos na prisão condenados pela agressão e estupro de Trisha Meili, uma mulher branca que praticava corrida no Central Park.

Os jovens, que tinham, na época, entre 14 e 16 anos, moravam no Harlem e passeavam quando a polícia os deteve. Foram obrigados a confessar o crime, levados a julgamento, e foram utilizadas como prova as gravações de declaração acusatória.

Em 2002, testes de DNA e outras evidências demonstraram que o autor do crime era Matías Reyes, um homem que já cumpria prisão perpétua desde 1989 por vários outros delitos, inclusive estupros, e que confessou ser o responsável e ter agido sozinho.

Se o valor da compensação for confirmado, cada um dos cinco receberia, aproximadamente, US$ 1 milhão por cada ano em que passaram na prisão, segundo “The New York Times”.

“Os Cinco do Central Park” acusavam a polícia e os promotores da cidade, entre outras autoridades, de conspirar contra eles por motivos raciais em um processo que a administração do prefeito anterior, Michael Bloomberg, lutou durante anos nos tribunais.

Agora, o novo governante de Nova York, o democrata Bill de Blasio, defendia um acordo para fechar o fato que passou de caso para ser lembrado sobre a violência que assolava a cidade no final dos anos 80 a um símbolo da discriminação racial por parte das autoridades.

O reverendo Al Sharpton, ativista dos direitos dos afro-americanos em Nova York, assegurou hoje no Twitter que o acordo alcançado é uma “enorme vitória”.

Em 2004, Trisha Meili, a “corredora do Central Park” como ficou conhecida, e que só revelou seu nome nesta época, escreveu um livro (“I Am the Central Park Jogger”, sem tradução para o Brasil) contando como sobreviveu ao crime. Em 2012, o caso dos cinco virou filme (“The Central Park Five”) dirigido por Ken Burns. EFE

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