Novo relatório do acidente do voo Rio-Paris confronta Air France e Airbus
Paris, 14 mai (EFE).- A construtora aeronáutica Airbus e a companhia aérea Air France mantêm suas diferenças sobre as causas do acidente que em 2009 provocou a morte dos 228 ocupantes de um voo entre Rio de Janeiro e Paris, após a publicação de um relatório que aponta os pilotos como responsáveis.
A Air France anunciou nesta quarta-feira que pedirá a nulidade desse estudo, elaborado por sete analistas e que indicou que o comportamento dos pilotos fez com que o aparelho caísse no Atlântico no dia 1º junho de 2009, poucas horas após decolar do Rio.
A companhia aérea considerou que a perícia, encomendada pelos juízes relatores do caso a pedido da Airbus, “foi feita de forma unilateral”, sem que a companhia “fosse convidada a participar de sua elaboração”.
“Os elementos deste relatório fazem uma apresentação parcial falseada das causas do acidente, o que atenta contra os direitos fundamentais e de defesa da Air France”, acrescentou a companhia aérea.
Segundo a companhia, o estudo “omite vários elementos que concernem ao funcionamento do avião”.
Tanto a Air France, proprietária da aeronave que caiu, como a Airbus, construtora do aparelho, foram indiciadas na causa que segue aberta na França.
O relatório em questão, revelado ontem por diversos meios de comunicação, muda a tese dos dois estudos oficiais feitos até agora e que sustentavam que no dia do acidente falharam elementos técnicos e humanos, o que apontava para uma responsabilidade compartilhada entre a empresa e a companhia aérea.
Esta nova perícia afirma que pode “estabelecer-se claramente o predomínio de fatores humanos nas causas do acidente”.
Além disso, os membros da tripulação não aplicaram o procedimento previsto para este tipo de situação.
O relatório se referia diretamente à responsabilidade da companhia aérea e criticava “a ausência de direções claras por parte da Air France” e a “insuficiente formação dos pilotos”, também imputável à companhia.
De acordo com as conclusões do Escritório de Investigação e Análise (BEA) emitidas em 2012, o acidente aconteceu depois que o gelo bloqueou as sondas de medição da velocidade do A330, o que fez com que os pilotos desconhecessem esse dado quando atravessavam uma área de turbulências.
Nesse momento não aplicaram o protocolo adequado e elevaram o rumo do avião, até que este perdeu sua horizontalidade, deixou de planar e se colocou em situação de queda livre.
Uma circunstância que não souberam interpretar os pilotos, que acharam que estavam subido quando, na realidade, o avião perdia altura.
Depois do acidente, o modelo de sondas de medição de velocidade que equipava o avião foi mudado em todos os aparelhos, o que prova, segundo a Air France, que não se pode descartar os fatores técnicos como causadores do acidente.
No cenário da disputa entre o fabricante e a companhia aérea está o pagamento das multimilionárias indenizações às famílias das vítimas. EFE
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