Obama é o grande ausente da campanha a três semanas das legislativas
Miriam Burgués.
Washington, 15 out (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não se deixou ver em atos públicos de campanha, consciente de sua baixa popularidade e de que sua presença pode inclusive prejudicar alguns candidatos democratas nas eleições que acontecem daqui a apenas três semanas.
Recentemente perguntaram ao senador democrata Mark Udall, que tenta a reeleição em 4 de novembro, se ele gostaria que Obama fizesse campanha com ele, e ele respondeu: “Veremos qual é a agenda do presidente e qual é a minha”.
Há alguns dias Alison Grimes, candidata democrata ao Senado, se recusou a dizer durante uma entrevista se votou em Obama nas eleições de 2008 e 2012.
Os democratas têm muito a perder nestas eleições legislativas, já que é improvável que recuperem a Câmara dos Representantes, em mãos republicanas, e a maioria que têm hoje no Senado está em risco.
Não ajuda aos democratas a popularidade de Obama estar em queda – em torno de 40% segundo as últimas pesquisas, especialmente por causa das duas crises que está enfrentando agora: a chegada do ebola aos EUA e a campanha militar contra o grupo jihadista Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Foi o ebola, após o surgimento de um segundo caso de contágio em Dallas, no Texas, que levou Obama a adiar hoje uma viagem de arrecadação de fundos a Nova Jersey e Connecticut, e a convocar em seu lugar uma reunião com as agências do gabinete que coordenam a resposta à doença.
Em Connecticut, o presidente participaria de seu primeiro ato público de campanha com um candidato, o governador Dan Malloy, que tenta a reeleição.
Obama esteve durante nas últimas semanas “centrado” nessas duas “prioridades, que são muito mais importantes que a política”, defendeu na terça-feira em sua entrevista coletiva diária o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
Ele evitou responder um jornalista que perguntou se Obama está “decepcionado” com os candidatos democratas que se estão “distanciando” dele para não perder votos.
Além disso, Earnest disse que Obama participará de atos públicos de campanha mais adiante, sem dar detalhes, embora provavelmente todos sejam em estados tradicionalmente democratas nos quais ganhou confortavelmente nas presidenciais de 2012.
Até agora, Obama só se deixou ver em eventos de arrecadação de fundos para candidaturas democratas realizados a portas fechadas.
Apesar das diferenças com 2008, quando Obama se envolveu muito mais ativamente com os candidatos democratas antes das legislativas, não é insólito o que ocorre este ano, explicou Brendan Doherty, professor de Ciências Políticas na Academia Naval dos EUA.
Doherty lembrou que em 2006 o então presidente George W. Bush liderou 15 atos de campanha com candidatos republicanos, mas todos na reta final da campanha.
Embora Obama tenha tentado se colocar de lado para não prejudicar seu partido, as pesquisas mostram que os democratas têm outro problema que pode fazê-los perder o Senado: seus eleitores estão menos interessados nas eleições legislativas do que os simpatizantes republicanos.
Entre os eleitores republicanos, 51% dizem estar motivados com as eleições, mais do que os 44% dos democratas que afirmaram o mesmo, de acordo com uma pesquisa recente da emissora “NBC” e do “Wall Street Journal”.
“Os democratas não votam nas eleições legislativas. Não nos mesmos níveis que nas presidenciais”, admitiu o próprio Obama na semana passada em um ato de arrecadação de fundos em Nova York.
A história também não favorece os democratas para novembro. Tradicionalmente o partido que controla a Casa Branca perde cadeiras no Congresso nas eleições legislativas quando o presidente, como é o caso de Obama, está em seu segundo mandato. EFE
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