OMS indica vacinas “promissoras”, mas sem eficácia provada, para conter ebola

  • Por Agencia EFE
  • 05/09/2014 20h03
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Marta Hurtado.

Genebra, 5 set (EFE).- Duas vacinas em fases avançadas de desenvolvimento foram apontadas nesta sexta-feira como soluções para tentar conter a expansão da epidemia de ebola, apesar de não existirem provas de sua eficácia, nem da segurança de seu uso em humanos.

Especialistas reunidos em Genebra para determinar que tratamentos experimentais poderiam ser usados em vítimas da doença chegaram a um consenso e identificaram as duas vacinas como “promissoras” para prevenir o contágio pelo vírus.

Além disso, os médicos e cientistas indicaram as transfusões de sangue e plasma convalescente de infectados que sobreviveram ao vírus como uma alternativa plausível de ser usada.

“Atualmente nenhuma dessas vacinas ou tratamentos para prevenir o vírus ebola foi aprovada para uso em humanos”, diz um comunicado divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No entanto, a magnitude da epidemia que assola o oeste da África – especialmente Guiné, Libéria e Serra Leoa – faz com que soluções consideradas como não ortodoxas sejam tomadas como possibilidades reais.

“Estamos diante do maior e mais complexo surto de ebola que vimos. Morreram mais pessoas agora do que nos 40 anos que conhecemos essa doença”, afirmou a diretora-geral adjunta do órgão, Marie-Paule Kieny.

“A segurança em humanos é desconhecida, por isso há a possibilidade de efeitos colaterais adversos”, lembrou a OMS em seu comunicado, embora Kieny tenha deixado claro que está se fazendo “o possível para lutar contra a doença da forma mais rápida e segura”.

É por isso que, por enquanto, foram descartados os usos de diferentes tratamentos experimentais como o Zmapp – administrado em vários estrangeiros e em três trabalhadores locais -, mas dos quais não se têm dados suficientes.

A respeito das vacinas, a OMS selecionou a VSV-EBO, do laboratório canadense NewLink Genetic, e a Chade-EBO, da britânica GlaxoSmithKline.

Ambas estão sendo desenvolvidas nos Estados Unidos e também começarão a ser produzidas na Europa e África em setembro. Durante os próximos dois meses, testes de segurança serão feitos para que ambas elas estejam disponíveis em novembro.

A OMS está segura em resolver os problemas de segurança das vacinas em dois meses porque os efeitos adversos de uma imunização aparecem rapidamente.

Os primeiros a serem tratados com doses da VSV-EBO e da Chade-EBO serão os trabalhadores de saúde dos países mais afetados, desde que haja consentimento. Depois, os candidatos prioritários serão os familiares de doentes e pessoas que se dedicaram a enterrar os mortos por ebola.

Por fim, em função da disponibilidade, as vacinas serão oferecidas à população geral. Espera-se que ambas as empresas acelerem sua produção, e os canadenses já confirmaram que têm 800 doses para produzir.

A dúvida é se as vacinas terão efetividade, explicaram à Efe fontes da OMS. Só se pode detectar se a pessoa criou defesas contra o vírus se, ao ser infectada, ela não manifeste a doença.

Por outro lado, as transfusões de sangue ou de plasma convalescente proveniente de pessoas já recuperadas da doença podem ser uma solução efetiva e, sobretudo, relativamente fácil de ser aplicada nos países afetados, que possuem sistemas de saúde muito precários.

Deve-se detectar os doentes recuperados, obter seu consentimento, fazer testes para determinar que o sangue não está contaminado com outra doença, e comprovar se o grupo sanguíneo é compatível com o do paciente infectado.

A ideia é fazer com que os anticorpos do recuperado se inoculem no doente e bloqueiem o desenvolvimento do vírus para dar tempo ao convalescente de criar seu próprio sistema imunológico contra o ebola.

O plasma covalescente seria uma melhor opção porque necessita de menos doses para combater a doença. Porém, é preciso ter equipamentos e pessoal especializado para realizar o processo. EFE

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