Órgão eleitoral mexicano enfrenta eleições mais complexas de sua história

  • Por Agencia EFE
  • 30/05/2015 20h04

Paula Escalada Medrano.

México, 30 mai (EFE).- O Instituto Nacional Eleitoral (INE) está na reta final das eleições mais complicadas de sua história, por conta da convocação de boicote no estado de Guerrero feita por organizações civis, estudantis e professores.

Na opinião do responsável pela junta local executiva do Instituto Nacional Eleitoral (INE) em Guerrero, David Alejandro Delgado, esta eleição terá “uma estratégia mais integral de segurança, em conformidade com a situação que o estado vive”.

“Haverá uma maior intervenção do exército, mais cuidadosa e, de acordo a suas próprias estratégias”, disse Delgado, que não quis detalhar como será a operação especial.

Segundo o máximo representante do órgão eleitoral do estado, as votações do próximo dia 7 serão as “mais complexas que o Instituto viveu na história, já que nunca antes a autoridade eleitoral tinha sido alvo dos movimentos sociais”.

Sindicatos de professores e familiares dos 43 estudantes desaparecidos em 26 de setembro no município de Iguala estão há semanas pedindo a não realização de eleições em Guerrero, com o argumento de que não existem as condições de segurança necessárias.

Ontem, policiais expulsaram os pais dos 43 alunos desaparecidos da Escola Normal Rural Raúl Isidro Buergos, em Ayotzinapa, que retiravam propagandas eleitorais em Chilpancingo, a capital de Guerrero. O grupo deixou o local depois de advertir que continuará a campanha contra o pleito.

Para Felipe de la Cruz, porta-voz dos responsáveis dos alunos, o Estado está contra o movimento, pois não consegue explicar os oito meses de desaparecimento.

“Hoje, somamos aos 43 jovens os (desaparecidos das últimas semanas) de Chilapa, e cada vez a situação aqui em Guerrero se torna mais crítica”, disse.

Apesar dos atos de repressão, ele afirmou que continuam declarando que movimento é pacífico.

De acordo com a investigação oficial, os 43 jovens desapareceram por determinação do ex-prefeito de Iguala. Ao serem pegos, policiais os entregaram a traficantes, que aparentemente os assassinaram e incineraram os corpos. Desde então, pais e colegas dos jovens se juntaram aos professores para realizar ações de protesto, algumas delas atentado diretamente contra instalações do INE.

O INE rejeitou a proposta dos pais de cancelar o pleito no estado, que segundo Delgado é necessário porque “a não realização aumentará o problema”.

“Na grande maioria dos países, quando há uma crise grave a solução passa pelas eleições e aqui estamos em um contrassenso”, acrescentou.

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Um dos argumentos dos manifestantes para convocar o boicote é que não existem listas claras de candidatos sem vínculos com o crime organizado, mas na opinião de Delgado a “melhor maneira de limpar a política é fazendo eleições”.

Apesar de o município de Tixtla, onde está a Escola de Ayotzinapa, poder ser um dos focos de complicação durante a eleição, o responsável pelo órgão preferiu não enumerar os lugares mais perigosos.

“O que aconteceu até agora são incidentes em lugares e momentos determinados, que depois mudam a outro lugar e momento. Neste momento, não sabemos onde irá ocorrer algo”, apontou.

De acordo com Delgado, o órgão está preparado para atender qualquer tipo de contingência que se apresente em qualquer região do estado. Ele insistiu que a possibilidade de conflito “não é um assunto que esteja generalizado em todo o território”.

“São situações muito concretas em um lugar determinado. Não temos medo, mas certamente vamos ter precauções”, confessou. EFE

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