Parlamento de Israel aprova lei para que ultra-ortodoxos sirvam ao exército

  • Por Agencia EFE
  • 12/03/2014 09h23

Jerusalém, 12 mar (EFE).- O parlamento de Israel aprovou nesta quarta-feira em uma votação pouco disputada a lei que obrigará judeus ultra-ortodoxos a servir ao exército, assim como faz a maior parte dos cidadãos do país, informou a imprensa local.

O controvertido projeto de lei, que termina com os privilégios que esta comunidade mantém desde 1948, foi aprovado com 67 votos a favor, um contra e sem nenhuma abstenção, depois que a oposição decidiu boicotar a votação no parlamento (formado por 120 deputados).

“Esta é uma proposta histórica e importante. Durante 65 anos houve uma isenção para todos os estudantes das yeshivot (escolas rabínicas) e a mudança que a coalizão fez é proporcional, gradual e correta”, afirmou Ayelet Shaked, do partido Bayit Hayehudi (Casa Judia) em declarações divulgadas pelo jornal “The Jerusalem Post”.

A lei, criticada pelo próprio exército, estabelece uma série de cotas que, assim como no restante da população, permite liberar do recrutamento um número limitado de jovens por questões de saúde, familiares ou de excelência nos estudos.

Por outro lado, impõe penas de prisão para quem não se apresentar ao exército, condições que levaram os ultraordoxos a ameaçar boicotar o Estado e inclusive, no caso dos mais radicais, pedir que seus seguidores deixassem Israel.

Dedicada fundamentalmente ao estudo dos textos bíblicos, este coletivo, também conhecido como haredi, tinha desde a criação do Estado de Israel o privilégio de não precisar se alistar nas forças armadas.

Após a apresentação do projeto de lei pelo partido centrista Yesh Atid (Existe Futuro), os haredim expressaram forte oposição à medida em eventos como um protesto na semana passada, quando centenas de milhares de membros da comunidade se manifestaram nas ruas de Jerusalém.

A nova disposição faz parte de um pacote de três polêmicas leis que a fracionada oposição decidiu boicotar por considerá-las um “ataque à democracia” do Executivo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“O Estado de Israel perdeu o direito de ser chamado um Estado judeu e democrático hoje. Os haredim nunca esquecerão e eu não perdoarei Netanyahu e seus aliados pelo que fizeram”, disse o parlamentar Moshe Gafni, do grupo Judaísmo Unificado da Torá, informou o jornal “Ynet”.

Os três projetos de lei, apresentados como um pacote, incluem a medida aprovada ontem que elevou o limite de votos de 2% para 3,25% para se ter representação na câmara, o que dificulta especialmente a situação dos partidos árabes-palestinos.

Após a votação de hoje, resta aprovar o projeto que submete qualquer retirada do território controlado por Israel -em virtude de um acordo de paz- a um plebiscito público. EFE

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