À espera de Moro, Podemos racha em votação de PEC que muda conselho do MP
Partido foi um dos únicos três a orientar o voto contrário à proposta, mas cinco dos 10 deputados foram favoráveis ao texto que é visto como um ataque ao combate à corrupção
Partido que tenta atrair Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz da Operação Lava Jato, o Podemos rachou na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Mesmo com a orientação contrária ao projeto, metade da bancada votou a favor do texto que é criticado por ampliar a influência do Congresso Nacional no colegiado e é visto como um ataque ao combate à corrupção.
Dos 10 deputados da bancada, cinco votaram contra a orientação do partido: Bacelar (BA), Igor Timo (MG), José Nelto (GO), Josivaldo JP (MA) e Ricardo Teobaldo (PE). Das 24 legendas com representação na Câmara, apenas Podemos, Novo e PSOL orientaram o voto “não”. Apesar do apoio majoritário, a PEC não atingiu o número de votos necessários para ser aprovada. Foram 297 a favor e 182 contra – uma emenda à Constituição precisa, no mínimo, de 308 votos de um total de 513. Ao deixar o plenário, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu (SP), que votou contra a matéria, ironizou o resultado: “Lira sobreviverá”.
A votação da noite desta quarta-feira, 20, representou uma rara derrota imposta pela Câmara dos Deputados ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A Jovem Pan ouviu de dois líderes do Centrão que a contabilidade deles indicava que havia votos suficientes para a aprovação da proposta. Um parlamentar do PP acrescentou que Lira não colocaria a PEC para votação se não tivesse a certeza de que teria os 308 votos necessários. Dentro do Progressistas, porém, houve cinco “traições”. Os deputados Afonso Hamm (RS), Evair de Melo (ES), Franco Cartafina (MG), Guilherme Derrite (SP) e Jerônimo Goergen (RS) votaram “não”, contrariando a orientação partidária.
Apesar do revés, o presidente da Câmara disse que “o jogo só termina quando acaba”. “Eu não penso em vitória nem derrota, eu acho que todo Poder merece ter o seu código de ética, todo Poder merece ter imparcialidade nos julgamentos, todos os excessos têm que ser diminuídos. Nós temos um texto principal, temos possibilidades regimentais e vamos analisar o que mudou em três votações para fazer uma análise política. O jogo só termina quando acaba”, afirmou a jornalistas.
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