A senadores, Kassio Nunes negou ser ‘amigo’ de Bolsonaro e defendeu combate à corrupção

Em reunião virtual na manhã desta terça, o desembargador indicado pelo presidente ao STF disse também que decisão sobre prisão em segunda instância cabe ao Congresso

  • Por André Siqueira
  • 06/10/2020 13h35 - Atualizado em 06/10/2020 16h51
bolsonaro oficializa indicacao de kassio nunes ao STF Ramon Pereira/Ascom-TRF-1

Em uma reunião virtual com um grupo de seis senadores na manhã desta terça-feira, 6, o desembargador Kássio Nunes Marques, indicado para a vaga do ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF), negou ser “amigo” do presidente Jair Bolsonaro, defendeu o combate intransigente à corrupção e afirmou que a decisão sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância cabe ao Congresso Nacional. Nunes será sabatinado pelo Senado no dia 21 de outubro – o anúncio foi feito na reunião de líderes da Casa, nesta terça. A sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa será às 8h e a votação no plenário deve ocorrer a partir das 16h.

Segundo um dos senadores presentes na reunião, Kássio Nunes utilizou o início do encontro para se apresentar e detalhar seu histórico na magistratura. Na sequência, negou que tenha “padrinhos políticos” e que tenha sido apresentado a Bolsonaro pelo ex-advogado da família, Frederick Wassef. “Quanto à questão da indicação, o que eu posso asseverar é que foi exclusiva do presidente Bolsonaro”, disse aos senadores. “O desembargador nos disse que conheceu o presidente Bolsonaro há dois anos nos corredores do Congresso, quando ele ainda era deputado federal.  Contou que esteve com ele, no Palácio do Planalto, na última semana, para tratar de sua indicação para o Superior Tribunal de Justiça, para a vaga que hoje é do ministro Napoleão Nunes Maia, e que foi surpreendido com o convite para o STF”, disse à Jovem Pan o senador Marcos do Val (Podemos-ES). Questionado pelos senadores sobre o fato de ter sido indicado ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) pela então presidente Dilma Rousseff, em 2011, disse que a interlocução com o PT, à época, era uma “circunstância natural” por se tratar de uma nomeação estritamente política.

Kássio Nunes também foi questionado sobre seu posicionamento em relação à possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. De acordo com Marcos do Val, o desembargador “se posicionou de maneira muito respeitosa em relação ao Congresso”. “Ele fez questão de dizer que cada caso deve ser analisado de forma independente: para ele, há crimes em que o autor precisa ser colocado imediatamente em regime fechado, mas não em todos. Mas ressaltou que aguarda a decisão do Congresso”, acrescenta o parlamentar. A Câmara dos Deputados analisa a PEC da 2ª instância, de autoria do deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP), mas os trabalhos da comissão estão suspensos em razão da pandemia do novo coronavírus.

Na reunião, Kássio Nunes também se colocou como um “ativista contra a corrupção” e ressaltou que a Operação Lava Jato “precisa de cuidados para não cometer excessos”. “Percebi que o desembargador tentou não vincular combate à corrupção com Operação Lava Jato. Ele disse que o combate não pode ser enfraquecido, mas senti que estava preocupado em ressalvar isso”, avalia Marcos do Val, que integra a CCJ do Senado, comissão responsável pela sabatina dos indicados ao STF. Senador eleito em 2018 para seu primeiro mandato, Marcos do Val também é membro do “Muda Senado”, formado por parlamentares de vários partidos políticos e que defende pautas como o combate à corrupção e a renovação política. A intenção do grupo é se reunir com o desembargador federal, mas alguns integrantes gostariam de realizar questionamentos públicos ao indicado pelo presidente ao STF.

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