Bloco de Lira busca acordo com aliados de Baleia para cargos da Mesa Diretora

Em seu primeiro ato como presidente, deputado do PP indeferiu formação do grupo liderado pelo MDB; PDT questiona decisão no STF

  • Por André Siqueira
  • 02/02/2021 15h05 - Atualizado em 02/02/2021 17h39
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Luis Macedo/Câmara dos Deputados Arthur Lira é o presidente da Câmara dos Deputados Eleição foi adiada para às 10h desta quarta-feira, 3

Após anular a formação do bloco de Baleia Rossi (MDB-SP), seu principal adversário na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), eleito na noite desta segunda-feira, 1º, busca, agora, um acordo com parlamentares de partidos aliados ao emedebista. Segundo apurou a Jovem Pan com interlocutores de Lira, a ideia é oferecer dois dos seis cargos para partidos que apoiaram Rossi, entre eles o PT – maior bancada da Casa, a sigla pode ficar com a 2ª Secretaria. A votação para os cargos remanescentes da Mesa, inicialmente marcada para às 18h desta terça-feira, 2, foi adiada para às 10h desta quarta-feira, 3.

Em seu primeiro ato como presidente da Câmara, Lira indeferiu o registro do bloco de Baleia Rossi sob a alegação de que o PT perdeu por seis minutos o prazo regimental estipulado para registrar no sistema o apoio ao candidato do MDB – parlamentares da oposição afirmam que houve uma falha no sistema da Casa. Na reunião de líderes que ocorreu na tarde desta segunda-feira, horas antes do início da votação, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda presidente, deferiu a formação do bloco. A decisão foi o estopim para um bate-boca entre Maia e Lira. Como mostrou a Jovem Pan, irritado com a postura de Maia, Lira deu um tapa na mesa e foi repreendido. “Vossa Excelência não está em Alagoas”, disse o deputado do DEM. “Não estou também no morro do Rio de Janeiro”, rebateu o deputado do PP.

Após a decisão de Lira, partidos do bloco de Baleia Rossi divulgaram uma nota, na qual “repudiam, com a mais intensa veemência, o ato autoritário, antirregimental e ilegal” praticado pelo parlamentar. “A eleição é una: não se pode aceitar só a parte que interessa. Ao assim agir, afrontando as regras mais básicas de uma eleição – não mudar suas regras após a sua realização -, o referido deputado coloca em sério risco a governabilidade da Casa. A insistir nesse caminho, perderá qualquer condição de presidi-la, já que seu primeiro ato desacredita o que acabara de dizer: que decidiria com imparcialidade. Foi a desmoralização mais rápida de um discurso que já se viu. A única voz que o mesmo aceita que se ouça na Mesa Diretora da Câmara é a voz daqueles que com ele concordam. Os que ousam defender uma Câmara altiva ele quer calar, já em seu primeiro movimento, tentando esmagar a representatividade de nossos partidos e de nosso bloco”, acrescenta o documento.

Na tarde desta terça, o PDT entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a decisão de Lira. O ministro Dias Toffoli, sorteado para analisar o caso, deu um prazo de 10 para Lira prestar informações sobre sua decisão.

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