Com ‘sumiço’ de Wizard, CPI da Covid-19 deve ouvir auditor afastado do TCU na quinta-feira

Empresário foi convocado no fim do mês de maio, mas não respondeu às tentativas de notificação feitas por técnicos do Senado; se não comparecer, conselheiro informal de Pazuello pode ser alvo de condução coercitiva

  • Por André Siqueira
  • 14/06/2021 17h12 - Atualizado em 14/06/2021 17h18
Reprodução/Instagram/Carlos Wizard Martins Homens de máscara em evento no Planalto Em entrevista à TV Brasil, Carlos Wizard admitiu integrar um 'conselho científico independente' ao Ministério da Saúde

Na sessão deliberativa do dia 26 de maio, a CPI da Covid-19 aprovou a convocação de Carlos Wizard, apontado como integrante do chamado gabinete paralelo ao Ministério da Saúde. A oitiva está inicialmente marcada para a quinta-feira, 17, mas pode não ocorrer. Isto porque o empresário não respondeu às tentativas de notificação feitas por técnicos do Senado. Em razão disso, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), marcou o depoimento do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, apontado como autor do relatório falso citado pelo presidente Jair Bolsonaro para contestar as mortes causadas pelo coronavírus.

Segundo apurou a Jovem Pan, se Wizard não comparecer, a cúpula da CPI deve requisitar sua condução coercitiva. Caso contrário, os senadores não descartam inquirir o empresário e o auditor do TCU no mesmo dia. Carlos Wizard Martins foi conselheiro informal de Eduardo Pazuello no período em que o general do Exército esteve à frente do Ministério da Saúde – ele foi convidado para assumir uma secretaria da pasta, mas preferiu atuar em um “conselho científico independente”. “Foi neste momento que eu tive, então, a oportunidade de conhecer autoridades médicas que são reconhecidas tanto no Brasil quanto no exterior, como a doutora Nise Yamaguchi, doutor Roberto Zeballos, doutor Anthony Wong, Dante Serra, e muitos outros que participam desse conselho científico independente”, disse em entrevista à TV Brasil. “Ou seja, são voluntários que estão dedicados, dedicando seu tempo, sua habilidade, sua experiência, compartilhando com a população o tratamento precoce”, acrescentou.

O calendário desta semana da CPI da Covid-19 prevê, ainda, os depoimentos de Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas, Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro, e os médicos Ricardo Zimmermann e Francisco Eduardo Cardoso Alves, defensores do “tratamento precoce”. Campêlo será ouvido nesta terça-feira, 15, e será questionado sobre a crise do oxigênio que atingiu o Estado no início do ano. Os senadores querem esclarecer em quais datas o governo federal foi avisado da iminência do colapso. À comissão, Pazuello afirmou que só teve conhecimento da situação na noite do dia 10 de janeiro. A secretária Mayra Pinheiro, porém, apresentou uma versão contraditória: aos membros do colegiado, ela disse que o general do Exército soube da falta de oxigênio no dia 8 de janeiro. “Eu estive em Manaus até o dia 5 [de janeiro]. O ministro teve conhecimento do desabastecimento de oxigênio em Manaus creio que no dia 8, e ele me perguntou: ‘Mayra, por que você não relatou nenhum problema de escassez de oxigênio?'”, relatou.

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