Comício de Lula no Grajaú tem apelo por comparecimento às urnas e campanha de ‘vira voto’ na reta final

‘Não podemos ter 20% de abstenção e 10% de brancos e nulos’, disse ex-presidente em ato na Zona Sul de SP; Alckmin afirmou que ‘mulheres vão decidir eleição’ 

  • Por Jovem Pan
  • 24/09/2022 12h51 - Atualizado em 24/09/2022 13h02
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ANDRÉ RIBEIRO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Homem de camisa vermelha com microfone na mão Ex-presidente Lula discursa em comício no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo

O comício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, teve apelo pelo comparecimento do eleitor às urnas no primeiro turno, marcado pelo dia 2 de outubro, e uma campanha de “vira voto” para tentar garantir a vitória do petista na primeira etapa de votação – segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 22, o candidato do PT tem 50% dos votos válidos. A agenda ocorre no último final de semana antes do pleito, momento em que as campanhas presidenciais miram o Sudeste, região que possui três dos quatro maiores colégios eleitorais. “Me disseram que houve um tempo em que o povo do Grajaú esteve chateado com o PT e que muita gente não foi votar na última eleição, houve uma ausência muito grande. Deixa eu fazer um apelo: tudo o que o nosso principal adversário quer é que o povo não compareça para votar. Qual o problema de não votar? Se não votar, a gente perde autoridade moral de cobrar. É importante que a gente compareça. Não podemos ter 20% abstenção e 10% de brancos e nulos. Temos que convencer, nesses dias, cada pessoa a ir votar. Compareça e vote. Escolha seus candidatos para, depois, ter o direito de cobrar dessas pessoas”, disse o ex-presidente. No trecho final de seu discurso, o ex-mandatário do país afirmou que, nos próximos dias, é importante “visitar casa por casa, igreja por igreja, banco por banco, fábrica por fábrica, para pedir voto para o Lulinha paz e amor”. Como a Jovem Pan mostrou, a campanha de Lula avalia que, se a abstenção for alta, a eleição não será decidida no primeiro turno.

Lula também pediu que seus apoiadores votem em candidatos que apoiam a sua candidatura, a fim de eleger uma bancada capaz de aprovar pautas defendidas pelo campo progressista. “É muito importante votar em candidatos a deputados que estão no nosso time. [Candidatos] Do PSB, do PT, do PSOL, do PCdoB, do Solidariedade. Tem vários partidos [me apoiando], mas é importante votarem, porque a gente não conseguirá [aprovar] tudo o que vocês querem se a gente eleger apenas o presidente e ter maioria de deputados contra nós. Aqueles deputados que querem privatizar o Banco do Brasil. Segunda coisa: é muito importante votar no senador Márcio França, senão vamos ter um senador adversário para votar contra as coisas que vocês querem”, disse. Mais de uma vez, o ex-presidente pediu mobilização da militância para eleger o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo – o PT nunca elegeu o governador do maior Estado do país. De acordo com Lula, ele e Haddad, juntos, farão “a mais extraordinária revolução pacífica que o mundo já viveu”. “Junto comigo, o Haddad vai fazer uma revolução sem precisar comprar uma arma. Nossa revolução é comprando livro, melhorando escola, facilitando que crianças tenha comida de qualidade na merenda. Vai ser uma revolução de respeito”, acrescentou. A declaração é uma crítica à política armamentista do governo Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário na corrida presidencial.

No comício deste sábado também discursaram os ex-governadores de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) e Márcio França (PSB), candidatos a vice-presidente e senador, respectivamente, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) e o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos (PSOL), que buscam uma vaga na Câmara dos Deputados, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e a socióloga Rosangela Silva, a Janja, esposa de Lula. Em sua fala, Alckmin disse que “as mulheres vão decidir a eleição”. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 22, o candidato do PT à Presidência lidera entre as mulheres, que representam 52% do eleitorado brasileiro, com 49% das intenções de voto. Bolsonaro, por sua vez, tem 29% da preferência deste segmento. Boulos, França, Haddad e Marina pediram “um esforcinho” dos eleitores para tentar resolver a eleição no dia 2 de outubro. “Nesses 8 dias [até o primeiro turno], a gente tem o desafio de virar muito voto, virar voto pra eleger Lula no 1º turno, para resolver a fatura de uma vez. Virar voto para eleger Haddad governador de São Paulo, virar voto para eleger Márcio França pelo estado de São Paulo e para eleger o time do Lula, o nosso time, a maior bancada de esquerda do Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa. Se cada um cumprir sua responsabilidade de conversar com amigo, vizinho, parente, no ‘zap’, na radio peão, se cada um fizer isso, vamos fazer a festa no dia 1º de janeiro”, disse Boulos. “Alguém tem parente no interior de São Paulo? Vamos dar uma ligadinha, passar um ‘zap’, para acabar de virar esse negócio, jogar sal no 1º turno. Tem que fazer esse esforço final, o esforço do ‘mais um'”, afirmou França. “Temos condições de eleger Lula no primeiro turno, é só fazer um esforcinho, ligar para o colega de trabalho, falar na igreja, na padaria. É assim que a gente vai restaurar a democracia e colocar Brasil no rumo certo. Quero muito poder celebrar o 2 de outubro. Às 20h do dia 2 nós podemos ter um presidente de verdade e ir para a briga para ganhar o governo de São Paulo pela primeira vez”, finalizou.

‘Nível da campanha vai baixar’

Em outro trecho de seu discurso, Lula disse que “o nível da campanha vai baixar”, porque o presidente Jair Bolsonaro “está muito nervoso” com o resultado das pesquisas. Por isso, o ex-presidente pediu a seus apoiadores que “fiquem esportes” e não acreditem “nas mentiras que vão receber”. “Se preparem para as mentiras, ele está muito nervoso. Cada dia que sai uma pesquisa e eu cresço um ponto e ele cai um ponto ele fica doido, tem crise de enxaqueca todos os dias. uma dor de cabeça que chama Lula”, afirmou. “O nível da campanha vai baixar, vocês precisam começar a ficar esperto: primeiro, no ‘zap’. Não acreditem nas mentiras que vão receber. Se preparem para as mentiras [que vão receber no celular] e depois na TV”, acrescentou. Na reta final da campanha, segundo apurou a Jovem Pan, a campanha de Bolsonaro pretende explorar a ligação de Lula com políticos envolvidos em escândalos de corrupção na propaganda eleitoral de rádio e televisão.

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