Contratos de vacinas e ações da Saúde: o que a CPI da Covid-19 quer ouvir de Queiroga
Propagandas oficiais do governo divulgam o número de 560 milhões de vacinas já adquiridas pela União, mas apenas metade tem acordo firmado
Nesta quinta-feira, 6, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, será o terceiro a depor à CPI da Covid-19 – o depoimento do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, está previsto para a tarde de hoje. O médico cardiologista, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir o general Eduardo Pazuello, assumiu a pasta no momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus no Brasil – no dia 23 de março, quando foi empossado, o país possuía 298.676 mortes, e grande parte dos Estados enfrentavam o colapso do sistema hospitalar. Integrantes da comissão ouvidos pela Jovem Pan afirmam que Queiroga será questionado sobre os contratos de vacinas firmados pelo governo federal com farmacêuticas e o que tem sido feito pelo ministério para mitigar os efeitos da crise sanitária.
Nas últimas semanas, o governo federal tem divulgado, inclusive através de propagandas oficiais, o número de 560 milhões de vacinas contra a Covid-19 já contratadas pela União. Entretanto, em resposta a um requerimento de informações do deputado Gustavo Fruet (PDT-PR), o Ministério da Saúde afirma que apenas cerca de 280 milhões, ou seja, a metade, já tem contrato fechado. Os senadores que integram a CPI querem esclarecer em que pé estão as negociações com as farmacêuticas e como estas negociações impactam o cronograma de imunização.
Como a Jovem Pan mostrou, antes do início dos trabalhos da CPI, havia um impasse sobre quem deveria ser chamado prioritariamente para prestar esclarecimentos. Uma ala de senadores defendia que os primeiros a serem ouvidos fossem quem ocupa algum cargo atualmente – no caso específico de Queiroga, o foco seria apurar qual foi o legado deixado pela gestão de Eduardo Pazuello, exonerado em 18 de março deste ano, o que tem sido feito no pior momento da pandemia e quais as alternativas viáveis para evitar um cenário ainda pior. “É mais complicado fazer manutenção com o carro andando, mas nesse caso é fundamental”, disse à reportagem um dos titulares da comissão.
A CPI, no entanto, optou por fazer uma reconstituição dos fatos. O primeiro a depor foi o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, seguido pelo oncologista Nelson Teich, que deixou o Ministério da Saúde após 29 dias – em seu depoimento à comissão, afirmou que pediu exoneração porque não concordava com a ampliação do uso da cloroquina, remédio ineficaz no tratamento da doença.
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