CPI da Covid-19: Vendedor de vacina reafirma pedido de propina e tem celular apreendido

Solicitação de vantagem indevida teria partido de diretor de logística do Ministério da Saúde em um jantar em um shopping de Brasília, segundo Luiz Paulo Dominguetti

  • Por Jovem Pan
  • 01/07/2021 18h25 - Atualizado em 01/07/2021 21h33
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Edilson Rodrigues/Agência Senado Vendedor de vacina com máscara Na sessão desta quinta-feira, Dominguetti depôs à CPI da Covid-19

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, Luiz Paulo Dominguetti, que representou a Davati Medical Supply em uma negociação com o governo do presidente Jair Bolsonaro, confirmou o pedido de propina feito por um diretor do Ministério da Saúde, tentou implicar o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) com a exibição de um áudio e teve seu pedido de prisão pelo crime de falso testemunho negado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a comissão. A oitiva de Dominguetti, que também é cabo da Polícia Militar em Minas Gerais, foi marcada pela apreensão do celular do depoente e por bate-boca entre senadores. Dominguetti foi convocado a depor depois de afirmar, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina US$ 1 para cada uma das 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca que seriam vendidas ao governo federal pela Davati. Aos senadores, ele confirmou a informação, deu detalhes de um encontro que ocorreu no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, no Distrito Federal, no dia 25 de fevereiro, e que contou com a participação de Dias, do tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do departamento de logística da pasta, e de mais uma pessoa. “O pedido de propina se concretizou. O pagamento e a evolução do processo, não”, disse. No dia seguinte, ele se reuniu com o então secretário-executivo da Saúde, Elcio Franco Filho. Além disso, ele também divulgou um áudio de Luis Miranda a partir do qual acusou o parlamentar de se oferecer para intermediar compra de vacinas no Ministério da Saúde – na gravação, não há menção à palavra vacina, apenas “produto” e “carga”.

Miranda apontou um esquema de supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin e foi ouvido pelos senadores na sexta-feira, 25 – o contrato foi suspenso pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na terça-feira, 29. Citado por Dominguetti, o deputado federal foi até o plenário da CPI da Covid-19 para se defender. Após ser retirado da comissão, ele afirmou em conversa com jornalistas que o áudio, de outubro de 2020, tratava sobre a aquisição de luvas cirúrgicas para uma de suas empresas nos Estados Unidos, onde ele já morou. “É um cavalo de Tróia plantado nesta CPI”, disse o deputado do DEM, que registrou uma ata notarial em um cartório de Brasília para comprovar que a gravação apresentada foi adulterada. A versão de que o representante da Davati seria uma “testemunha plantada” foi endossada por diversos senadores. “Tem todas as características”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em mensagem de texto enviada à Jovem Pan. “Esse áudio é o verdadeiro bode na sala. Por que colocaram no seu colo essa granada sem pino?”, questionou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Em razão do conteúdo, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da comissão, solicitou a prisão de Luiz Paulo Dominguetti pelo crime de falso testemunho. O pedido foi negado por Omar Aziz. O presidente da comissão admitiu que o depoimento não contribuiu positivamente para os trabalhos da CPI, mas ressaltou que os senadores devem apurar se houve pedido de propina.

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