‘Dominguetti tem todas as características de testemunha plantada’, diz Randolfe

Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, divulgou áudio do deputado Luis Miranda (DEM-DF), que denunciou irregularidades na compra da Covaxin

  • Por André Siqueira
  • 01/07/2021 14h55 - Atualizado em 01/07/2021 15h44
Waldemir Barreto/Agência Senado Senador Randolfe Rodrigues em Comissão no Senado Federal Em razão da divulgação do áudio, cúpula da CPI da Covid-19 determinou apreensão do celular do depoente

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid-19, disse à Jovem Pan que Luiz Paulo Dominguetti “tem todas as características” de testemunha plantada. O depoente se apresenta como representante da Davati Medical Supply e denunciou um suposto pedido de propina de US$ 1 por dose da vacina da AstraZeneca para fechar contrato com o Ministério da Saúde. À comissão, ele reiterou a informação de que o então diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, foi responsável pela cobrança indevida, mas divulgou um áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) a partir do qual acusou o parlamentar de se oferecer para intermediar compra de vacinas – na gravação, não há citação à palavra vacina, apenas “produto” e “carga”. Miranda apontou um esquema de supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin e foi ouvido pelos senadores na sexta-feira, 25.

“Tem todas as características [de testemunha plantada]”, disse Randolfe em mensagem de texto enviada à reportagem. A declaração endossa algo que já havia sido dito mais cedo pelo presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), para quem Dominguetti “foi induzido” a falar contra Luis Miranda. Em razão da denúncia, Miranda foi até o plenário da comissão para se defender. Em conversa com jornalistas, após ser retirado da sessão, o parlamentar disse que o áudio, de outubro de 2020, foi editado e se referia a um processo de compra de luvas cirúrgicas, e não de vacinas, como afirmou o representante da Davati. A reprodução da gravação causou bate-boca na sessão e a cúpula do colegiado decidiu pela apreensão do celular do depoente.

A denúncia sobre a cobrança de propina foi revelada por Dominguetti em entrevista à Folha de S. Paulo. Segundo a sua versão, o pedido foi feito por Roberto Ferreira Dias, em um encontro no restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, no Distrito Federal – Dias foi exonerado nesta quarta-feira, 30. Ao jornal, o representante da Davati apresentou detalhes sobre tratativas para a compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca. Em nota, o laboratório afirma que não negocia imunizantes com o setor privado. “Todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado ou para governos municipais e estaduais no Brasil”, diz o texto.

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