CPI vai ouvir servidor que relatou ‘pressões anormais’ da Saúde para importação da Covaxin

Em depoimento ao MPF, Luís Ricardo Fernandes Miranda disse que assessor de Pazuello na pasta insistia por compra de vacina indiana

  • Por André Siqueira
  • 23/06/2021 10h28
EFE / Rajat Gupta / Archivo Vacina Covaxin contra a Covid-19 'Follow the money': Contrato bilionário para compra da Covaxin está na mira da CPI da Covid-19

A CPI da Covid-19 vai ouvir, na sexta-feira, 25, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde. O servidor da pasta afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), no dia 31 de março, que sofreu “pressão anormal” de Alex Lial Marinho, tenente-coronel do Exército, assessor e homem de confiança do então ministro Eduardo Pazuello, para fechar a compra da vacina indiana Covaxin. O documento foi enviado à comissão e o teor da oitiva foi confirmado pela Jovem Pan junto a integrantes do colegiado.

O contrato para aquisição do imunizante indiano está na mira da comissão. O governo federal disponibilizou mais de R$ 1,6 bilhão para a aquisição de 20 milhões de doses de um imunizante que só foi aprovado com restrições pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início do mês de junho. Além disso, as doses da Covaxin são as mais caras e foram contratadas com intermédio da Precisa Medicamentos, um expediente que foge dos padrões de outras negociações feitas pela União – a dose da vacina indiana custa cerca de R$ 80; a da Pfizer, R$ 56.

O sócio da empresa, Francisco Maximiano, seria ouvido nesta quarta-feira, 23, pela CPI da Covid-19, mas, segundo ofício encaminhado aos senadores, ele cumpre quarentena após uma viagem recente à Índia. Em razão disso, o depoimento deve ocorrer na quinta-feira, 1º, ou na sexta-feira, 2. Na sessão desta quarta-feira, 22, a CPI também aprovou a convocação e as quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Lial Marinho. Como a Jovem Pan mostrou, a apuração sobre o contrato bilionário representa a nova fase de investigação da comissão.

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