Eleições 2022: Apoio a Moro divide União Brasil

Acordo que pode dar à sigla a prerrogativa de indicar o candidato a vice na chapa do ex-juiz é costurado por integrantes do PSL; quadros do DEM priorizam expansão da bancada no Congresso e eleição de governadores

  • Por André Siqueira
  • 23/12/2021 13h13 - Atualizado em 23/12/2021 13h18
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo Homem de terno e gravata com cabelo preto Sergio Moro se filiou ao Podemos e se colocou como pré-candidato à Presidência da República

A possibilidade de o União Brasil, que surgirá da fusão entre o DEM e o PSL, indicar o candidato a vice-presidente para a chapa do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) não é um consenso dentro da nova legenda. Políticos do Democratas avaliam que dirigentes pesselistas estão agindo de maneira açodada e tentando “atropelar” os futuros colegas de legenda. Segundo relatos feitos à Jovem Pan, o incômodo foi pauta de conversas entre integrantes do DEM no jantar de confraternização de fim de ano do partido que ocorreu em Brasília na última semana.

As negociações para que o União Brasil indique o vice de Moro são capitaneadas por pessoas próximas ao deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), que presidirá o novo partido e é um dos principais cotados para o posto na chapa presidencial. Um dos principais entusiastas desta articulação é o deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), vice-presidente nacional do PSL. À Jovem Pan, o parlamentar afirmou que o nome de Bivar é interessante do ponto de vista estratégico. “Do ponto de vista estratégico, é inteligente convencer o Bivar a ser o vice. Estamos vivendo uma equação política diferente, não é o mesmo ambiente de eleições anteriores. Os palanques estão sendo montados regionalmente antes do alinhamento com as candidaturas à Presidência. Há um sentimento de liberar os palanques nos Estados. No cenário em que o Bivar, presidente nacional do maior partido do país, saia como candidato a vice, é muito óbvio que os palanques apoiem o seu presidente enquanto candidato. É muito difícil que não haja essa fidelidade”, avaliou.

“Todo mundo está dialogando e qualquer decisão é prematura. Afinal, o partido nem foi homologado. Tem muito burburinho, muito bastidor, muito ruído e pouca decisão, que caberá à Executiva. Se tem gente dizendo que pode isso ou não pode aquilo, é porque desconhece o estatuto. Decisão sobre aliança deve ser tomada por três quintos da Executiva. Isso quer dizer que nenhuma decisão vai ser tomada porque um lado quer se a outra parte não quiser também”, afirmou à Jovem Pan o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB), líder da bancada na Câmara dos Deputados. O parlamentar paraibano é acompanhado por outros colegas de partido, que também defendem que o União Brasil priorize a expansão da bancada no Congresso Nacional e a eleição de governadores. Dentro do DEM, as principais apostas estão nas candidaturas do ex-prefeito de Salvador ACM Neto ao governo da Bahia e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que busca a reeleição. Há, ainda, quem defenda que o novo partido deve dar a cada diretório estadual a liberdade para escolher se apoiarão Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o presidente Jair Bolsonaro.

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