Campanhas de Lula e Soraya vão ao TSE contra Bolsonaro por abuso de poder político no 7 de setembro
Advogados da coligação do ex-presidente apontam uso de recursos públicos para fins eleitorais; senadora questiona papel do chefe do Executivo nos eventos
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai apresentar uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por abuso de poder econômico e político durante os eventos desta quarta-feira, 7, data que comemora o Bicentenário da Independência. Os advogados da coligação Brasil da Esperança, que reúne o Partido dos Trabalhadores (PT) e outras legendas de esquerda, argumentam que o atual chefe do Executivo, e candidato à reeleição, usou a cerimônia cívico-militar do 7 de setembro como “megacomício de campanha”, o que pode ser considerado crime eleitoral. Os representantes afirmam que Bolsonaro “fez uso indiscutível de um evento oficial para discursar como candidato” à reeleição pela Presidência da República e também falam em uso de recursos públicos e da estrutura pública para fazer campanha. Os discursos desse comício escancarado foram transmitidos ao vivo para toda a nação, inclusive por meio da TV Brasil, uma TV estatal”, afirmam os advogados Eugênio Aragão e Cristiano Zanin Martins.
Da mesma forma, a campanha à Presidência da República da senadora Soraya Thronicke (União Brasil) também anunciou que vai apresentar um pedido de investigação judicial eleitoral contra Jair Bolsonaro, também por abuso de poder político e econômico. Os representantes afirmam que ficou evidente nas agendas do presidente em Brasília e no Rio de Janeiro neste 7 de setembro que ” o mesmo se utilizou de todo o aparato estatal, da estrutura que lhe é disponibilizada pela União, para se autopromover como candidato, para fim eleitoral”, confrontando a legislação eleitoral. “Bolsonaro estava lá como, afinal? Como militar, como presidente? Era o candidato? Era o marido da primeira-dama? O que parece é que Bolsonaro se travestiu de presidente para se valer em discurso como candidato. Foi abuso de tudo. Fere a democracia e fere a paridade dentro de uma campanha. Chega a ser injusto, imoral, ilegal, desleal, além de irresponsável”, questiona Soraya Thronicke, em comunicado. Nas redes sociais, a senadora afirmou que também vai pedir ao TSE corte do tempo de TV da campanha de Jair Bolsonaro. “Ainda vou pedir que este tempo seja redistribuído entre os demais candidatos à Presidência, para que a equidade seja respeitada”, concluiu.
O que disse Bolsonaro?
O primeiro discurso de Bolsonaro neste 7 de setembro aconteceu após participar do desfile cívico-militar pela comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil. Em sua fala, o presidente usou um tom de campanha ao relembrar a trajetória do governo, como a escolha de seus ministros e os desafios da pandemia de Covid-19 e consequências da guerra, além dos impactos econômicos e medidas adotadas. ” Quando parecia que tudo estaria perdido para o mundo, eis que o Brasil ressurge com uma economia pujante, com uma gasolina das mais baratas do mundo, com um dos programas sociais mais abrangentes do mundo, que é o Auxílio Brasil, com recorde na criação de empregos, com a inflação despencando e com um povo maravilhoso entendendo aonde o seu país poderá chegar”, afirmou em Brasília. Em outro momento, ele também criticou opositores e reforçou comentários antigos sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Muito feliz em ter ajudado a chegar até vocês a verdade e também demonstrado para vocês que o conhecimento também liberta. Hoje, todos sabem quem é o Poder executivo, todos sabem o que é a Câmara dos Deputados, todos sabem o que é o Senado Federal, e também todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”. No Rio de Janeiro, segundo local de compromisso de Jair Bolsonaro neste 7 de setembro, ações do governo, programas sociais e críticas a opositores e ministros também foram destaque, assim como tradicionais bandeiras conservadoras, como religião, posicionamento contrário ao aborto, legalização das drogas e ideologia de gênero. Em referência a Lula, por exemplo, o presidente afirmou nos discursos que “esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública”, falou em “luta do bem contra o mal” e fez críticas ao Partido dos Trabalhadores. “Um mal que perdurou por 14 anos no nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar á cena do crime. Não voltarão! O povo está do nosso lado, o povo está do lado do bem, o povo sabe o que quer. A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro”.
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