Em depoimento marcado por bate-boca, Witzel abandona sessão amparado por decisão do STF

Depois de discussões com parlamentares governistas, ex-governador do Rio de Janeiro utilizou habeas corpus do ministro Nunes Marques para se retirar

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2021 15h22
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Edilson Rodrigues/Agência Senado Ex-governador de máscara em comissão Witzel depôs na CPI da Covid-19 nesta quarta-feira, 16

Após bate-boca com o senador Flávio Bolsonaro e com integrantes da tropa governista da CPI da Covid-19, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel recorreu ao habeas corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), para abandonar a sessão desta quarta-feira, 16. O depoimento foi interrompido pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), no momento em que Eduardo Girão (Podemos-CE), aliado do Palácio do Planalto, fazia seus questionamentos sobre suspeitas de desvio de dinheiro na compra de respiradores em sua gestão à frente do Estado.

A oitiva de Wilson Witzel foi marcada por tumulto e críticas ao presidente Jair Bolsonaro. O ex-governador do Rio se disse inocente das acusações e vítima de uma perseguição política. Eleito em 2018 com o apoio do senador Flávio Bolsonaro, o ex-juiz federal sofreu impeachment por ter sido considerado culpado por crime de responsabilidade na gestão de contratos na área da Saúde durante a pandemia. Aos senadores, nesta quarta-feira, Witzel afirmou que seu “calvário” começou quando ele mandou investigar a morte da vereadora Marielle Franco. “Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foram inexoráveis”, disse. “Ver um presidente dizer em uma live que eu estava manipulando a polícia do meu Estado. Quantos crimes de responsabilidade esse homem vai cometer sem que alguém pare ele? Se não pararmos, essa república chavista ao contrário vai avançar cada vez mais”, disparou.

O ex-governador também pediu uma sessão fechada, sob segredo de Justiça, para apresentar detalhes sobre o que ele chamou de “intervenções” da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) no Estado, contra a sua gestão. “Nessa reunião eu faço questão de apresentar elementos para iniciar uma investigação contra pessoas que estão desvirtuando a atuação funcional e nós vamos descobrir quem está patrocinando investigação contra governador, quem está patrocinando essa questão criminosa e o resultado é um só: 490 mil mortes”, disse. O vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já solicitou um novo depoimento de Witzel à presidência da comissão. “Acabo de solicitar à Presidência da CPI da COVID, novo depoimento do ex-governador Wilson Witzel. Acreditamos que o ex-governador ainda tem muito a falar e não podemos deixar o relatório da CPI ser atingido por interferência e intimidações externas”, escreveu em seu perfil no Twitter.

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