Investigação no Amazonas, gabinete paralelo e caso Covaxin: a semana da CPI da Covid-19

Senadores vão ouvir o relator da comissão parlamentar do Amazonas, o empresário Carlos Wizard e o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano

  • Por André Siqueira
  • 28/06/2021 15h36
Edilson Rodrigues/Agência Senado Senadores analisam documento Cúpula da CPI da Covid-19 analisa documentos no plenário da comissão

Depois de uma semana marcada pela denúncia apresentada pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e pelo seu irmão, Luis Ricardo, chefe de importação do Ministério da Saúde, sobre supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin, a CPI da Covid-19 ouve, nesta semana, o relator da CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado estadual Fausto Vieira dos Santos Junior, o empresário Carlos Wizard e o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. As oitivas vão fornecer detalhes sobre os desvios de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia, o funcionamento do gabinete paralelo de assessoramento ao presidente Jair Bolsonaro e o processo de aquisição do imunizante indiano fabricado pelo laboratório Bharat Biotech.

O relator da CPI do Amazonas será ouvido, na terça-feira, 29, a pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO), integrante da tropa de choque governista na comissão do Senado. No requerimento apresentado, Rogério afirma que o parlamentar pode explicar as investigações sobre a compra de ventiladores e a construção do hospital de campanha Nilton Lins, em Manaus, capital do Estado. “As irregularidades na aquisição emergencial dos ventiladores pulmonares deflagraram a Operação Sangria [da Polícia Federal], que teve início em junho de 2020 e atualmente está na quarta fase das investigações, onde se apuram irregularidades na construção do Hospital de Campanha Nilton Lins, em Manaus”, afirma o senador do DEM.

Na quarta-feira, 30, os senadores vão inquirir Carlos Wizard, apontado como membro do gabinete paralelo ao Ministério da Saúde. O empresário chegou ao Brasil nesta segunda-feira e entregou seu passaporte à Polícia Federal (PF), como a CPI da Covid-19 havia requisitado. A oitiva estava inicialmente marcada para o dia 17 de junho, mas, mesmo resguardado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ele não compareceu. Mesmo sem ocupar um cargo formal no Ministério da Saúde, Wizard despachou por aproximadamente um mês na pasta, na época da gestão do ministro Eduardo Pazuello. Em uma entrevista à revista IstoÉ, o empresário disse que recebeu do general do Exército a missão de “forrar” o país com cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos comprovadamente ineficazes para o tratamento do coronavírus.

Na quinta-feira, 1º, a comissão recebe Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos. A empresa intermediou a compra da vacina Covaxin, em acordo assinado no dia 25 de fevereiro. Em razão do depoimento do deputado Luis Miranda e de seu irmão, servidor concursado do Ministério da Saúde, o processo está na mira da CPI da Covid-19. O imunizante indiano é o mais caro e uma das invoices (nota fiscais) previa o pagamento adiantado de 45 milhões de dólares a uma offshore localizada em Singapura, a Madison Biotech, que não constava no contrato firmado com a pasta.

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