Lira fará ‘caça às bruxas’ após derrota na votação de PEC que muda conselho do MP, diz aliado

Proposta apoiada pelo presidente da Câmara dos Deputados teve 11 votos a menos que o necessário para ser aprovada; texto original ainda pode ser apreciado

  • Por André Siqueira
  • 21/10/2021 17h22
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados O presidente da Câmara, Arthur Lira, de máscara Após rejeição da proposta, Lira disse a jornalistas que 'o jogo só termina quando acaba'

Minutos depois de a Câmara dos Deputados rejeitar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera a composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse a jornalistas que “o jogo só termina quando acaba”, sinalizando que busca uma alternativa para aprovar o texto. Mas não só. Aliados do parlamentar alagoano garantem que ele não digeriu a derrota e prepara um contra-ataque. “Se eu conheço bem o estilo do Arthur, ele vai fazer um caça às bruxas e vai partir para cim de quem prometeu votar a favor e não votou”, disse à Jovem Pan uma pessoa próxima ao chefe da Câmara.

Líderes partidários afirmam que a votação desta quarta-feira, 20, representou a mais dura derrota do presidente da Câmara dos Deputados. Um influente deputado do Centrão ouvido pela reportagem diz que Lira só decidiu votar a PEC porque tinha conviccção de que tinha os 308 votos necessários – a votação foi adiada três vezes. Foram 297 votos a favor e 182 contra. “Foi uma derrota porque essa é uma pauta só dele e do PT. Ninguém mais estabelece essa pauta como prioritária. Os deputados não pediram para votar isso. Ele [Lira] botou na cabeça que ia votar, foi pra cima porque tomou a PEC como dele e tinha certeza de que a matéria seria aprovada”, avaliou o parlamentar, em caráter reservado.

À Jovem Pan, um deputado do PP, mesmo partido de Lira, resumiu o que os “parlamentares traidores” podem esperar do presidente da Câmara nos próximos dias. “O Arthur é matreiro e tem outra carta na manga. Ele vai para cima dos líderes, vai apertar os deputados que tem emendas”, disse este correligionário. “Agora ele tem o mapa da traição e isso não vai passar batido”, acrescentou. Como os deputados rejeitaram o substitutivo de autoria do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), a Casa só pode votar o texto principal. Há, porém, um problema: a versão original da proposta enfrenta ainda mais resistência de parlamentares e de membros do Ministério Público. Após a rejeição da PEC, o vice da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), ponderou que era hora de “esperar baixar a poeira”. Procurado pela reportagem, ele admitiu que não há clima para a aprovação da matéria. “A medida mais prudente é não mexer mais nisso. Se o presidente [Arthur Lira] perguntar minha opinião, é isso o que direi a ele”, afirmou.

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