Lula e Bolsonaro travam guerra particular no Sudeste na reta final da campanha

Petistas avaliam que liderança em São Paulo e Minas Gerais pode definir eleição no 1º turno, enquanto aliados do presidente esperam que desempenho na região reduza vantagem que PT conquistará no Nordeste

  • Por André Siqueira
  • 25/09/2022 14h22
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Montagem sobre fotos: MAX PEIXOTO/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO e ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Montagem Bolsonaro x Lula O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) polarizam a disputa presidencial

A uma semana do primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que ocupam, respectivamente, a primeira e a segunda colocação nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, intensificam as agendas de campanha no Sudeste, que, por possuir três dos cinco maiores colégios eleitorais do país, vai influenciar o resultado do pleito. A depender do desempenho dos dois principais candidatos ao Palácio do Planalto na região, inclusive, a disputa pode ser decidida já no primeiro turno, marcado para o dia 2 de outubro. Mais do que isso, os embates entre os candidatos aos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são acompanhados de perto – e com muita atenção – pelas equipes do petista e do postulante do PL – os paulistas, por exemplo, podem ter que escolher entre Fernando Haddad, apoiado por Lula, ou Tarcísio Gomes de Freitas, candidato de Bolsonaro, em um eventual segundo turno. Segundo balanço do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Sudeste possui mais de 66,7 milhões de eleitores, o que representa 42% do eleitorado nacional. São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é responsável por 22,1% do total. Ou seja: a cada cinco votos depositados nas urnas em todo o país, um acontece em solo paulista.

Em 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro, filiado ao PSL, recebeu 12.378.012 em São Paulo, 53% do total. À época, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, teve 16% (3.833.982 votos). Em Minas Gerais, segundo maior colégio, Bolsonaro terminou na primeira colocação (48,31% do total), ostentando uma diferença de mais de 2,2 milhões de votos para o ex-prefeito de São Paulo. No Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, a vitória do atual presidente foi ainda mais expressiva. O eleitor fluminense deu 59,79% dos votos (5.107.735) ao parlamentar e 14,69% (1.255.425) para o ex-ministro da Educação. Quatro anos depois, o presidente da República chega à reta final da campanha enfrentando um cenário completamente distinto. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 22, Lula lidera no Sudeste com 41% das intenções de voto, ante 36% de Bolsonaro – a margem de erro para a região é de um ponto percentual. No maior Estado da federação, de acordo com o instituto, o ex-presidente tem 41% da preferência do eleitor, ante 34% do atual mandatário. Em território mineiro, a diferença é de 13 pontos (46% a 33%). Minas também chama a atenção por um fator histórico: desde a redemocratização, o candidato que obtém a maioria do eleitorado no Estado chega à Presidência da República. No Rio, há empate técnico, com Lula numericamente na dianteira (40% a 38%). Um dirigente do PL ouvido pelo site da Jovem Pan, no entanto, afirma que pesquisas internas do partido apontam Bolsonaro à frente. O partido trabalha com o cenário em que o presidente terá cerca de cinco pontos de vantagem para o adversário.

O resultado no Sudeste é acompanhado de perto pelas duas campanhas, mas desperta ainda mais atenção dos aliados de Bolsonaro. O desempenho na região é visto como fiel da balança para tentar “equilibrar o jogo”, segundo definiu à reportagem um dirigente do Partido Liberal. O raciocínio do correligionário do presidente também leva em consideração a atual situação eleitoral no Nordeste, onde Lula ostenta uma vantagem de 38 pontos (62% a 24%), segundo o Datafolha, em relação ao chefe do Executivo federal. No Sudeste, cada ponto percentual significa cerca de 667 mil votos. No Nordeste, 423 mil. Isto significa que, com base nos números do instituto, o candidato do PT pode ter aproximadamente 16 milhões de votos a mais que Bolsonaro na região que, historicamente, é um reduto petista. Os cinco pontos percentuais de vantagem no conjunto composto por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo representariam mais 3,35 milhões de votos de vantagem – se a eleição fosse hoje, portanto, o saldo poderia ser de aproximadamente 20 milhões de votos. Em comparação, o Tribunal Superior Eleitoral contabiliza 22.558.759 eleitores na região Sul. No início da semana, o ex-governador Márcio França (PSB), que busca uma vaga no Senado, disse a jornalistas que “a eleição vai se decidir em São Paulo”, acrescentando que uma eventual vitória de Lula no primeiro turno será por uma diferença “muito pequena, de 500 mil votos”. Com o confronto embolado nas demais regiões (há empate técnico no Sul, no Norte e no Centro-Oeste, também segundo o Datafolha) e a possibilidade de liquidar a fatura já no dia 2 de outubro no radar dos petistas, as duas campanhas têm a certeza de que a reta final que se avizinha será, no mínimo, emocionante.

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