Para vencer eleição na Câmara, grupo de Maia quer atrair PSL, Republicanos e oposição para bloco
Aliados do presidente da Câmara apostam em polarização com candidatura de Arthur Lira, aliado do Palácio do Planalto, para conquistar apoio dos partidos de esquerda
No dia seguinte à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou a reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) para as presidências do Senado e da Câmara, respectivamente, lideranças partidárias intensificaram as conversas para definir os próximos passos da corrida pela sucessão no comando das Casas Legislativas. A impressão de boa parte dos parlamentares, sobretudo no Senado, é a de que o jogo está “zerado”, uma vez que o nome tido como mais competitivo, o de Alcolumbre, é, agora, carta fora do baralho. Na Câmara, por outro lado, parlamentares ouvidos pela Jovem Pan apostam em uma polarização entre o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro e aquele que receberá a benção de Maia. Pensando nisso, aliados do presidente da Câmara esperam oficializar, nos próximos dias, a formação de um bloco multipartidário que conte com o apoio da maioria dos deputados, dando ao grupo condições de conquistar a cadeira da presidência em fevereiro de 2021.
O bloco conduzido por Rodrigo Maia conta, hoje, com o apoio do DEM, MDB, PSDB, PV e Cidadania. Na avaliação de um interlocutor do presidente da Câmara, o “passo fundamental” para este grupo será atrair, em primeiro lugar, o Republicanos e o PSL, e, na sequência, os partidos de oposição. Em entrevista à Globo News, nesta segunda-feira, 7, Maia citou nominalmente quatro candidatos cotados: Luciano Bivar (PSL-PE), Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). O último afirmou em seu perfil no Twitter que será candidato à Presidência da Casa. “Serei [candidato] porque estou dialogando com os (as) colegas e sinto que há uma busca por renovação. Óbvio que estamos em um grupo político e tenho convicção que poderei ser o candidato deste grupo”, disse. Ribeiro, por sua vez, tem como principal obstáculo o fato de o seu partido, o Progressistas, ter declarado apoio formal a Arthur Lira (PP-AL), como revelou a Jovem Pan.
Dentro do PSL, partido com a segunda maior bancada na Câmara, os parlamentares da chamada ala bivarista afirmam que o principal trunfo do presidente nacional da sigla é não ter “se curvado” ao Palácio do Planalto. “Não ter se curvado aos desejos do presidente é o principal fator. Isso transmite mais segurança para a esquerda, porque está claro que Bivar é rompido com Bolsonaro. Além disso, é um parlamentar experiente, com capacidade para arregimentar apoio e conduzir uma pauta responsável na Câmara”, disse à Jovem Pan uma liderança da sigla. Na tarde desta segunda-feira, Maia afirmou, em coletiva de imprensa, que o principal desafio dos nomes cotados por ele será o de manter um bloco tão grande de pé até a eleição em fevereiro de 2021. “Será o escolhido aquele que conseguir convencer a oposição de que os partidos terão espaço político na Mesa Diretora, nas comissões e, sobretudo, aquele que passar uma imagem de que cumprirá compromissos firmados e não irá virar um bolsonarista lá na frente”, avalia um líder partidário que acompanha de perto as negociações.
Enquanto não há uma definição sobre o nome, parlamentares que são contra a candidatura de Arthur Lira afirmam que a estratégia será a de reiterar que o líder do PP na Câmara, um expoente do Centrão, é o candidato do Palácio do Planalto. Um deputado do PSL, no entanto, faz um alerta: “Já ficou claro nos dois anos de governo que o presidente pode, a qualquer momento, mudar a rota e dar as costas para quem é considerado aliado. Não sei até que ponto Lira pode confiar no Planalto e vice-versa”, diz.
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