Presidente da comissão encerra sessão subitamente e PEC do voto impresso fica para agosto

Decisão irritou parlamentares, que classificaram a medida como ‘molecagem’ e chamaram o deputado Paulo Eduardo Martins de ‘picareta’

  • Por André Siqueira
  • 16/07/2021 16h56 - Atualizado em 16/07/2021 18h18
Nelson Jr./ ASICS/TSE O Tribunal Superior Eleitoral garante que as urnas eletrônicas são eficientes, seguras e auditáveis A PEC do voto impresso auditável começou a tramitar em 2019 e determina que os votos registrados nas urnas eletrônicas sejam impressos em cédulas de papel

O presidente da comissão que analisa a PEC do voto impresso, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), encerrou subitamente a sessão desta sexta-feira, 16, e adiou para agosto a votação do relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR). Como a Jovem Pan mostrou, a reunião foi convocada após uma articulação capitaneada pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que afirma que não há tempo hábil para implantar a mudança do sistema eleitoral antes das eleições de 2022. Martins disse que Barros “manifestou o desejo de fazer modificações no texto”, uma de suas prerrogativas. A medida irritou parlamentares presentes, que classificaram a decisão como “molecagem” e chamaram Martins de “picareta”. Mais cedo, os deputados rejeitaram, por 22 votos a 12, um requerimento que pedia a retirada de pauta da proposta, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Na mesma sessão, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu o adiamento da votação e saiu em defesa do chamado “voto impresso auditável”. “Essa é uma matéria importante, relevante. Hoje já estamos no encerramento dos trabalhos e é muito importante que possamos votar com mais tempo essa matéria. O governo quer manter e aprovar o voto impresso e auditável”, disse. Ele foi criticado por deputados. “De onde vai tirar dois bilhões, Ricardo? Deixa de ser irresponsável. Vai tirar da vacina?”, questionou um membro do colegiado. “Tira do Fundão”, acrescentou outro integrante. Como a reunião ocorre por videoconferência, não é possível identificar todos os oradores.

Em entrevista à Jovem Pan no início de julho, o presidente da comissão, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), admitiu que o relatório deve ser rejeitado pelos deputados. “Havia um ambiente na comissão que apontava um sentido diferente, ou seja, não haveria muita dificuldade de aprovação do relatório. Ocorre que houve uma movimentação externa, encabeçada pelo presidente do TSE [ministro Luis Roberto Barroso] e os partidos fecharam questão, trocaram os membros da comissão. Isso embaralhou o jogo. O que era pacífico virou uma dificuldade. Hoje, a tendência é de não aprovação”, disse. O chamado “voto impresso auditável” é rejeitado, inclusive, por partidos da base do governo, como PP, PL e Republicanos.

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