Privatização da Petrobras foi balão de ensaio para dar resposta ao mercado, dizem integrantes do governo

Após presidente Jair Bolsonaro afirmar que venda da estatal estava ‘no radar’ do governo, ações da companhia fecharam a segunda-feira em alta de 7,1%

  • Por André Siqueira
  • 26/10/2021 16h03
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 26/11/2020 Jair Bolsonaro e Paulo Guedes "Bastou o presidente dizer 'olha, vamos estudar isso aí, isso é um problema', o negócio sobe 6% de repente", disse o ministro Paulo Guedes na segunda-feira, 25

A possibilidade do governo federal enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que permite a privatização da Petrobras foi vista por lideranças do Palácio do Planalto como um balão de ensaio para dar uma resposta ao mercado financeiro. Na última semana, auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, pedirem exoneração em meio às discussões sobre a alteração do teto de gastos e o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil. “Geralmente fazem de uma forma diferente. Soltam um balão de ensaio, a ideia pega mal e precisam recuar. Dessa vez parece que deu certo. É como jogar o barro à parede. Sondam a possibilidade para ver se a ideia é viável”, disse à Jovem Pan um integrante do governo com trânsito no Congresso. As ações da estatal fecharam a segunda-feira, 25, em alta de 7,1%.

Caso o texto seja enviado e aprovado pelo Legislativo, a União poderia vender ações da estatal e alterar a estrutura societária da empresa, mas manteria a chamada “golden share”, que permite ao Palácio do Planalto indicar o presidente da companhia e vetar algumas medidas. Atualmente, o Executivo federal tem o controle por meio de 50,5% das ações ordinárias. A proposta, porém, só seria enviada ao Congresso após o Senado votar a privatização dos Correios. A informação foi inicialmente divulgada pela CNN Brasil e confirmada pela Jovem Pan. Na manhã desta segunda-feira, 25, em entrevista à Rádio Caçula FM, de Mato Grosso do Sul, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a privatização da Petrobras havia entrado “no radar” do governo.

“Isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, que é pegar a empresa botar na prateleira e amanhã quem der mais leva embora. É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível. Se você tirar do monopólio do Estado, que existe, e botar no monopólio de uma pessoa particular, fica a mesma coisa ou talvez até pior”, afirmou. Nas últimas semanas, a estatal tem sido pressionada por conta da alta do preço dos combustíveis – com um reajuste que entrou em vigor nesta terça-feira, a gasolina passa a ser vendida para as distribuidoras por R$ 3,19 o litro, ante R$ 2,98 da cotação anterior; o diesel, por sua vez, passará a ser vendido por R$ 3,34 por litro, um aumento médio de R$ 0,28 por litro.

Mais tarde, em evento no Palácio do Planalto, o ministro Paulo Guedes falou sobre o assunto. “Bastou o presidente dizer ‘olha, vamos estudar isso aí, isso é um problema’, o negócio sobe 6% de repente. São mais duas, três semanas se isso acontecesse, são 100, 150 bilhões criados. Isso não existia. Não adianta dizer ‘ah, estão tirando do povo’. Não. É uma riqueza que estava destruída. Bastou o presidente dizer ‘vamos estudar’, o negócio sai subindo e aparecem 100 bilhões”, disse o chefe da equipe econômica.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.