PSB espera reverter metade dos votos a favor da PEC dos Precatórios

Na primeira votação, 10 dos 32 deputados da bancada votaram com o governo; ‘Estamos em um trabalho de convencimento para que os deputados acompanhem a posição do partido’, diz o vice-líder da sigla

  • Por André Siqueira
  • 08/11/2021 16h53
Cleia Viana/Câmara dos Deputados Deputado da oposição usa tribuna da Casa para discursar Bira do Pindaré (PSB-MA) é vice-líder do partido na Câmara dos Deputados

A cúpula do PSB espera reverter metade dos votos dados a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. No início da madrugada da quinta-feira, 4, a proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados com 312 votos, quatro a mais do que os necessários. Entre os partidos de oposição, o PDT, de Ciro Gomes, foi o único a orientar o voto “sim”, mas 10 dos 32 integrantes da bancada socialista votou com o Palácio do Planalto. Internamente, líderes trabalham para que haja fechamento de questão contra o texto. Porém, em razão das divergências, integrantes da sigla trabalham com a possibilidade de cinco parlamentares revejam os seus posicionamentos. A votação em segundo turno deve ocorrer nesta terça-feira, 9. Antes disso, a Casa analisa os destaques à matéria.

“Mantemos nossa posição contrária à PEC e estamos em um trabalho de convencimento para que os deputados acompanhem a posição do partido. Reverter todos os votos é improvável, porque alguns parlamentares já decidiram que não ficarão no partido e praticamente não seguem a orientação partidária. Não contamos que alguns votos por causa dessa decisão política, mas a expectativa é reverter de três a cinco votos”, disse à Jovem Pan o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), vice-líder do PSB na Câmara. “Na bancada, há um esforço para que houvesse fechamento de questão [contra a PEC]. Entendemos que seria adequado, mas o tempo é exíguo. Isso exigiria uma reunião da Executiva, mas temos sessão da Câmara nessa segunda e a votação da PEC deve ocorrer nesta terça. Talvez não seja possível reunir o partido. Tínhamos expectativa de fazer uma reunião amanhã, mas talvez não ocorra em razão dessa viabilidade prática. Mesmo assim, manteremos o trabalho na bancada, para tentar ter todos os votos numa única direção, todos contra a PEC”, segue o parlamentar.

Na sexta-feira, 5, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o pagamento das emendas do relator, conhecidas como “Orçamento secreto”. Como a Jovem Pan mostrou, a liberação destes recursos era o trunfo do governo federal para aprovar a proposta, que adia o pagamento de dívidas da União reconhecidas pela União, altera a regra do teto de gastos e abre espaço fiscal para o pagamento do Auxílio Brasil. O programa social que irá substituir o Bolsa Família é a aposta do Palácio do Planalto para melhorar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, sobretudo na região Nordeste, em um ano eleitoral. Para o vice-líder do PSB na Câmara, a decisão da magistrada deve influenciar o resultado da votação desta terça-feira, 9. “A liminar da ministra tem um impacto positivo. Ajuda muito porque deixa claro aos parlamentares que há uma tendencia do Supremo inviabilizar o orçamento secreto. De que adianta votar na PEC que promete folga fiscal e turbina o orçamento se ele pode não mais existir? Para os que tem esse raciocínio, essa decisão nos favorece. Espero que realmente possa ser mais um elemento de convencimento, não só no PSB, mas para o conjunto dos parlamentares. Isso aumenta a nossa esperança de derrotar a PEC”, avalia.

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