STF aceita denúncia e torna Sergio Moro réu por calúnia a Gilmar Mendes

Senador foi visto em um vídeo, viralizado nas redes sociais, no qual ele aparece falando a interlocutores sobre ‘comprar um habeas corpus’ do ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 04/06/2024 16h52
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TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Senador Sérgio Moro Moro disse ter sido preso de suspresa pela denúncia e que era uma brincadeira de festa junina

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, nesta quarta-feira (4), por unanimidade, aceitar uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e tornou o senador réu pelo crime de calúnia por um vídeo viralizado nas redes sociais no qual ele aparece falando a interlocutores sobre “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes“. Na filmagem, o ex-magistrado aparece em uma festa junina conversando com outras pessoas. Uma voz feminina, ao fundo, diz: “Está subornando o velho”. Moro, então, responde: “Não, isso é fiança. Instituto para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”. A relatora do caso, ministra Cármen Lúcia, considerou que existem elementos suficientes para receber a denúncia e votou a favor de tornar Moro réu, sendo acompanhada pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Alexandre de Moraes. Moro foi denunciado no caso em abril do ano passado após o vídeo ter se espalhado na internet.

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Aos ministros, nesta terça, o advogado de Moro, Luis Felipe Cunha, afirmou que a declaração foi uma “expressão infeliz reconhecida por mim nessa tribuna, e por ele também, num ambiente jocoso, de festa junina”. “Em nenhum momento meu cliente acusou o ministro Gilmar Mendes, por quem ele tem imenso respeito, de vender sentença”, disse o advogado, que pediu a absolvição sumária do senador. Por meio das redes sociais, o senado também falou sobre o caso, confirmou que fez uma piada com a situação, mas disse que o vídeo foi “gravado e editado por terceiros desconhecidos, foi feito e divulgado sem meu conhecimento e autorização. O pedido para que os terceiros fossem identificados e ouvidos antes da denúncia não foi atendido”, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter).”O recebimento da denúncia não envolve análise do mérito da acusação e no decorrer do processo a minha defesa demonstrará a sua total improcedência”, acrescentou.

Na época da denúncia, em abril de 2023, Moro se pronunciou sobre o caso no Senado. Ele afirmou ter sido pego de surpresa pela denúncia, sem que tivesse sido ouvido, e criticou o que chamou de “açodamento” da PGR. A Procuradoria era comandada por Augusto Aras. Há duas semanas, em outro caso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu por unanimidade rejeitar recursos que pediam a cassação do senador. A decisão foi tomada com apoio do presidente da corte, Moraes, que completou o placar de 7 a 0 a favor de Moro, após mobilização nos últimos anos de aliados de Lula (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) pela perda de mandato do ex-juiz da Lava Jato. Em abril, Moro se reuniu com Gilmar em um movimento para estreitar a relação com o STF e tentar evitar um revés no julgamento da corte eleitoral.

Essa não foi a primeira derrota de Moro no STF. Juiz da Lava Jato, Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, com quem se desentendeu —isso motivou seu pedido de demissão em abril de 2020. Já em 2021, o Supremo o considerou parcial nas ações em que atuou como juiz federal contra o presidente Lula (PT). Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula. Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à declaração de parcialidade de Moro, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, familiares e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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