Presidente da Colômbia prevê paz com as Farc neste ano caso seja reeleito

  • Por Agencia EFE
  • 05/05/2014 15h38

Esther Rebollo.

Barranquilla (Colômbia), 5 mai (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, previu que a paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) será assinada antes do fim de ano e que a esse processo será somado a segunda guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN), convencido que se for reeleito será possível acabar com o longo conflito armado.

Em entrevista à Agência Efe, a primeira concedida a um meio de comunicação internacional durante sua campanha para as eleições presidenciais de 25 de maio, em que é favorito, Santos disse: “Não gosto de colocar datas determinadas, mas a dinâmica faz pensar que durante este ano poderíamos terminar os cinco pontos da agenda” de diálogo com as Farc.

Durante uma viagem pela cidade de Barranquilla e vários municípios do Caribe, um de seus redutos eleitorais e onde se apresentou aos cidadãos sob o lema “Votar pela paz”, ele lembrou que estão estipulados “quase três” dos pontos da agenda de negociação com as Farc.

Foi com essas palavras que Santos explicou como anda o diálogo com as Farc em Havana, que começou em novembro de 2012 e foi sua grande aposta de governo, além do eixo de seu programa para a reeleição. Ele também sugeriu que um acordo do terceiro tema da agenda estaria pronto antes das eleições: “vamos fechar o ponto de narcotráfico nas próximas semanas”, adiantou.

Os dois compromissos já alcançados em Cuba se referem ao problema de terras, origem do conflito armado, e a eventual participação política dos guerrilheiros. Perguntado sobre se, vencendo as eleições, buscaria uma paz global que inclua o ELN, ele respondeu: “é um desafio que espero que possamos abordar e tomara que possamos fazer com que confluam os dois processos e terminar de uma vez por todas as guerrilhas na Colômbia”.

Santos, que se apresenta neste pleito como o total defensor da paz, está convencido que chegou o momento de fechar uma ferida histórica.

“Nestes quatro anos conseguimos criar muitíssimas condições para que o país avançasse no social e no econômico, e isso é parte do processo de paz, da redução da pobreza e da solidez da economia. Este país gerou mais emprego que qualquer outro da América Latina, mas a grande diferença seria colocar fim a um conflito que já está nos fazendo sangrar por 50 anos. Se conseguirmos tirar esse freio, o potencial do país, que avançou muitíssimo no meio do conflito, se multiplicaria, por isso estou tão empenhado em trazer a paz ao país”.

O líder reconhece as dificuldades e diz que é um processo complexo, cheio de inimigos e de contradições, mas insistiu que a paz será conseguida porque há condições favoráveis e o país não pode ter outros 50 anos de guerra.

“Isso as Farc entendem, há vontade da parte deles. Por isso espero que, ao longo deste ano, possamos terminar este processo tão complexo e importante”, insistiu.

Outra dificuldade vem de negociar sem um cessar-fogo, mas essa – segundo sua opinião – é a única maneira.

“Nós fomos claros, não há cessar-fogo. A ofensiva militar será mantida até o momento que de assinarmos os acordos. Nesse momento, cessa o conflito. Definitivamente, eu não quero que isto se prolongue. Um cessar-fogo agora estimularia às Farc a prolongar a negociação e isto tem que acabar o quanto antes”, voltou a justificar.

Santos lembrou que ele, primeiro como ministro da Defesa no governo de Álvaro Uribe (2002-2010) e depois como presidente, foi “quem mais duro bateu contra as Farc”, em alusão às ofensivas militares que acabaram com a maioria dos líderes.

“Estou disposto a voltar à guerra se isto fracassar, mas o que quero é a paz”, advertiu, ao criticar os que condenam este processo, entre eles o próprio Uribe, seu antigo aliado e do que lembrou à Efe que também negociou com as Farc, mas em segredo.

Santos lidera as pesquisas eleitorais com 28,3% das intenções de voto, seguido pelo candidato de Uribe, Óscar Iván Zuluaga (16%), e de Enrique Peñalosa (15,7%), da Aliança Verde. EFE

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