Primeira delegação de vítimas colombianas viaja a Havana

  • Por Agencia EFE
  • 15/08/2014 13h42

Bogotá, 15 ago (EFE).- A primeira delegação de vítimas do conflito armado colombiano que participará dos diálogos de paz que o governo e as Farc mantêm em Havana desde o final de 2012 partiu nesta sexta-feira de Bogotá em companhia de representantes da ONU e da Universidade Nacional.

Dos 12 integrantes da comitiva, cinco são vítimas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), quatro do Estado, dois de grupos paramilitares e uma de vários atores armados.

Este grupo e outros quatro que viajarão em breve terão como missão representar no processo de paz as mais de 6,5 milhões de vítimas que o conflito armado que já dura meio século causou.

“Escutamos com grande cuidado o debate sobre esse tema e com base nisso escolhemos estes representantes, sempre seguindo as indicações da mesa de Havana quanto ao equilíbrio e pluralidade”, disse Fabrizio Hochschild, diretor das Nações Unidas na Colômbia.

O primeiro grupo é composto por oito mulheres e quatro homens que foram vítimas de sequestros, torturas e outros delitos ou são parentes de pessoas assassinadas ou desaparecidas.

Neste primeiro grupo há integrantes da tribo indígena dos Wayuú e parentes de guerrilheiros e de militares.

Todos eles participarão amanhã, sábado, da mesa de negociações, onde reviverão perante os negociadores do governo e das Farc sua experiência pessoal ou familiar e comunicarão “qualquer coisa que desejem dizer”, em previsão de que haja um diálogo entre as partes.

Seu retorno a Bogotá está previsto para o próximo domingo.

Após conhecer a lista, a ONU e a Universidade Nacional, encarregadas de fazer a seleção, esclareceram que ainda não foi decidida a composição da seguinte delegação, que não tem data de chegada a Havana.

“Vamos escutar o país sobre esta lista e com base nisso escolheremos os seguintes participantes”, ressaltou Hoschchild.

As Nações Unidas apontam que esta seleção, realizada com a ajuda de especialistas em direito humanitário, suscitará críticas e pediu que esses comentários se centrem em seu trabalho e não ataquem os que viajaram para Cuba.

As vítimas, que contarão com assistência psicológica no processo, manifestaram às Nações Unidas sua “preocupação” por se transformar em figuras públicas, embora sejam “conscientes de sua responsabilidade” no processo.

Esta delegação, assim como as propostas representativas de todas as vítimas que a ONU e a Universidade Nacional levarão a Cuba, são resultado de quatro foros realizados neste mês e no passado, nos quais participaram mais de três mil pessoas.

A elas se unem os mais de quatro mil pedidos registrados no site da mesa de conversas, que também contarão na discussão, assegurou Nações Unidas.

O ponto com relação ao reconhecimento e reparação das vítimas é o quarto dos cinco que consta na agenda do processo de paz, que já alcançou pré-acordos sobre propriedade da terra, participação política e drogas ilícitas. EFE

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