Reforma de semáforos não melhora fluxo em SP

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/09/2016 09h02
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Reprodução/Google Maps Avenida Paulista

Mesmo com investimento de R$ 230 milhões e a reforma de equipamentos em 4.950 cruzamentos da cidade, a capital paulista ainda não tem um sistema semafórico considerado “inteligente”, capaz de ser reprogramado a distância e de facilitar o fluxo em vias congestionadas. A Prefeitura, no entanto, afirma que isso está a um passo de acontecer.

Desde o verão de 2013, quando tempestades causaram apagões em série nos cruzamentos de São Paulo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) passou a desenvolver um programa de manutenção do parque semafórico voltado para a instalação de sistemas no-break, capazes de manter os equipamentos ligados mesmo sem energia, e para a troca dos controladores semafóricos – alguns com mais de 30 anos. 

O projeto instalou 1.400 nobreaks e 1 mil controladores novos, além de 1.800 dispositivos que enviam à CET informações de quando os sinais quebram. “Antes da revitalização, 500 semáforos ficavam desligados em dias de chuva. Hoje, não passam de 60”, informa a CET, em nota. A cidade tem 6.335 cruzamentos semaforizados. Antes desses equipamentos, os agentes tinha de ir até o controlador falho, abrir a caixa e apertar o botão de liga e desliga. 

Com a troca de sistemas, a CET montou uma central de monitoramento para a identificação de falhas. O jornal O Estado de S. Paulo esteve nessa central, que fica na Marginal do Pinheiros. Os técnicos ali conseguem dar ordens aos cruzamentos com panes para, por exemplo, tentar “reset” remoto. Essa operação resolve 60% das ocorrências, diz a empresa. 

Onda verde 

A criação de “ondas verdes” – reprogramação online do tempo de duração dos semáforos – ainda depende de duas etapas. “É muito comum aqui na (Rua) Boa Vista mesmo. Você sai da Praça (da Sé, na região central) para, logo na sequência, parar no farol da frente. Não abrem todos de uma vez para você seguir”, afirma o taxista Laerte Toledo, de 54 anos. “Tem muito lugar na cidade onde você fica preso porque os semáforos não conversam entre si”, reclama. A medida poderia reduzir congestionamentos em 20%, de acordo com especialistas em trânsito.

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, diz que a CET está desenvolvendo um software de código aberto para fazer essa reprogramação online. Eles vão aproveitar equipamentos de comunicação que tanto enviam mensagens sobre a ocorrência de falhas quanto recebem comandos para reinicialização. Colocar esse programa de computador para rodar é a primeira etapa.

A segunda é montar salas de controle, a exemplo da que já existe para fazer a manutenção. “A cidade precisa de cinco centrais. Nós já estamos montando três”, afirma o secretário. 

O dinheiro que financia esse serviço vem do Fundo Municipal de Desenvolvimento do Trânsito. É a conta onde são depositados os pagamentos de multa da cidade – que financiam, também, todas as operações da CET, de quitações de serviços aos salários e custos fixos da empresa. O uso do dinheiro vem sendo questionado pelo Ministério Público Estadual (MPE), que entende que a verba só deveria ser utilizada para financiar projetos de engenharia e educação do trânsito.

Tatto, por sua vez, argumenta que não há atraso na instalação dos sistemas de controle remoto. “Foi preciso primeiro reformar o parque, instalar os equipamentos, para aí, sim, partir para o controle do tráfego”. 

Impactos

O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), Silvio Médici, afirma que as mudanças no parque semafórico da cidade nos últimos anos foram importantes, mas diz que o serviço não está completo. “Uma rede de semáforos realmente inteligentes é capaz de reduzir os congestionamentos em até 20%”, afirma – é o equivalente a um dia a mais de rodízio. “O que foi feito em São Paulo está a um passo de fazer com que a cidade se equipare a Londres, que é referência mundial no controle de tráfego”.

Para o consultor de engenharia de trânsito Horácio Augusto Figueira, no entanto, a Prefeitura ainda precisa fazer mais. “Instalar detectores de fluxo de tráfego, por exemplo, para que essa reprogramação seja feita automaticamente. Não dá, em uma cidade como São Paulo, que pessoas fiquem monitorando o tráfego, que muda a cada 30 minutos. Tem de ser algo automático”, afirma.

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