Rio de Janeiro passa por grave situação de abastecimento de água, diz secretário

  • Por Agência Brasil
  • 09/06/2015 16h31
Tomaz Silva/Agência Brasil Rio Paraíba do Sul

O secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, André Correa, disse hoje (9) que é grave a situação de abastecimento de água no estado. Correa alertou que o Rio de Janeiro terá que atravessar o período de seca com os reservatórios na metade do nível registrado no mesmo período do ano passado.

“Estamos com a metade da água para atravessar o período seco. Se a gente não tivesse tomado as medidas que começamos a tomar, [os reservatórios] já estariam secos. Já economizamos mais de 1 bilhão de metros cúbicos de água”, disse o secretário, que participou do Fórum Metropolitano da Sustentabilidade, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em 8 de junho do ano passado, os quatro reservatórios do Rio Paraíba do Sul – Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil – somavam 32,5% da capacidade. No relatório divulgado nesta terça-feira, na sala de situação da Agência Nacional de Águas, o nível dos reservatórios está em 16,07%.

O secretário afirmou que a curto prazo além da economia de água na vazão bombeada para o Rio Guandu, a única ação que pode ser tomada até o próximo verão é a construção de uma soleira no Canal de São Francisco, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio, para impedir a entrada de água salgada no canal.

Para evitar que a água que abastece as indústrias da região ficasse salgada as autoridades ambientais determinaram o uso, a cada três dias, de um fluxo de água equivalente a todo abastecimento da região metropolitana do Rio. “Em três dias, a gente está jogando para o mar para expulsar intrusão salina um dia de abastecimento de água de toda a região metropolitana. Um dia de abastecimento em três dias”. A obra para evitar a salinização do canal deve ficar pronta em julho.

André Correa disse que está em estudo uma forma de bombear água do Reservatório de Paraibuna, como um “plano B” para garantir o abastecimento na região metropolitana do Rio. A saída, considerada complexa pelo secretário, ainda está em discussão porque o reservatório é administrado pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

Além da situação do Rio Paraíba do Sul, André Correa comentou a situação da Baía de Guanabara. Ele reconheceu que há na sociedade um descrédito em relação à despoluição. “Tudo que qualquer autoridade fala sobre despoluição tem um déficit de credibilidade enorme. Ninguém acredita mais em nada.”

Para o secretário, essa situação se deve ao fracasso do Plano de Despoluição da Baía de Guanabara, da década de 90, e ao recente reconhecimento de que não será possível cumprir a meta de tratar 80% do esgoto que chega à baía até os Jogos Olímpicos de 2016. Sobre o primeiro plano, ele afirmou que houve “um misto do político querendo prometer e também um desconhecimento do tamanho do problema.”

Já sobre a meta para os jogos, André Correa destacou que seria necessária uma engenharia financeira para definí-la. “Outro tiro no pé do ponto de vista do déficit de credibilidade no que diz respeito à comunicação e à expectativa na sociedade em relação à Baía de Guanabara. Não fui eu que negociei essa meta, mas não me eximo de responsabilidade”.

Segundo Correa, houve um subdimensionamento do custo que o saneamento da Baía de Guanabara teria, estimado hoje em R$ 12 bilhões. De acordo com o secretário, o primeiro plano prometeu despoluir a baía com R$ 2 bilhões em valores atuais.

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