Rombo nas contas externas soma US$ 2,5 bi, menor resultado para junho desde 2009

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/07/2016 12h02
Agência Câmara Ministério da Fazenda

Após o superávit de US$ 1,200 bilhão em maio, o resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 2,479 bilhões em junho. A projeção do Banco Central para a conta corrente do mês passado era de um saldo negativo de US$ 1 bilhão, por causa da expectativa de uma balança comercial menos robusta. O saldo do mês de junho é o menor para o mês desde 2009. 

O resultado de junho ficou fora do intervalo do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast com 27 instituições, que ia de um déficit de US$ 1,800 bilhão a déficit de US$ 100 milhões. A mediana era negativa em US$ 1,500 bilhão. A estimativa do BC é de que o rombo externo de 2016 seja de US$ 15,0 bilhões. 

A balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 3,755 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,594 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária em US$ 2,873 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou no vermelho em US$ 2,247 bilhões.

No acumulado do primeiro semestre do ano, o rombo nas contas externas soma US$ 8,444 bilhões. Já nos últimos 12 meses até junho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 29,439 bilhões, o que representa 1,67% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta relação é a menor desde dezembro de 2009. 

Dívida externa

A estimativa para a dívida externa brasileira estava em US$ 332,644 bilhões em junho. Segundo o BC, o ano de 2015 terminou com uma dívida de US$ 334,745 bilhões e o último dado verificado (do mês de março) somava US$ 334,608 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 272,184 bilhões em junho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 60,460 bilhões no fim do mês passado, segundo as estimativas do Banco Central.

De acordo com a instituição, merecem destaques na dívida externa de longo prazo as amortizações de empréstimos de bancos e de títulos da dívida, em US$ 1,5 bilhão e US$ 1,2 bilhão, além da redução provocada pela variação cambial de US$ 1,1 bilhão e aumento de preço dos títulos do governo, de US$ 2,9 bilhões.

A variação da dívida externa de curto prazo no período é explicada principalmente pelas amortizações de empréstimos pelos setores financeiro e não financeiro, em US$ 1,3 bilhão e US$ 4,71 milhões, e pelo aumento do passivo em moeda e depósitos do setor financeiro, US$ 736 milhões. 

IDP

Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 3,917 bilhões em junho. O resultado ficou dentro das estimativas apuradas pelo AE Projeções com 21 instituições financeiras, que iam de US$ 3,000 bilhões a US$ 5,600 bilhões, com mediana de US$ 4,000 bilhões.

Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de junho ficaria em US$ 3,6 bilhões. A estimativa da autarquia foi feita com base nos números até 22 de junho, quando o País havia recebido US$ 2,2 bilhões em recursos externos. Para o ano, o BC estima que os investidores estrangeiros trarão US$ 70 bilhões para o setor produtivo brasileiro.

No primeiro semestre de 2016, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 33,816 bilhões. Já no acumulado dos últimos 12 meses até junho deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 77,959 bilhões, o que representa 4,42% do Produto Interno Bruto (PIB).

Viagens

A conta de viagens internacionais voltou a registrar déficit em junho, informou o BC. No mês passado, quando o dólar recuou 11% ante o real, a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil foi de um saldo negativo de US$ 970 milhões. Em igual mês de 2015, o déficit nessa conta era de US$ 1,203 bilhão.

O desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,372 bilhão em junho. Já o gasto dos estrangeiros em passeio pelo Brasil ficou em US$ 402 milhões no mês passado. No acumulado do ano, o saldo líquido dessa conta ficou negativo em US$ 3,377 bilhões. Em igual período do ano passado, esse valor era de US$ 6,996 bilhões. Para 2016, o BC estima um déficit de US$ 6,0 bilhões para esta rubrica, praticamente a metade dos US$ 11,5 bilhões de déficit registrados em 2015. 

Remessas

A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 1,396 bilhão em junho, segundo do Banco Central. A saída líquida representa um volume menor do que os US$ 2,509 milhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.

No primeiro semestre deste ano, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 7,862 bilhões. O resultado enviado é inferior ao registrado em igual período do ano passado, quando as remessas foram de US$ 9,482 bilhões. A expectativa do BC é que a remessa de lucros e dividendos deste ano some US$ 19,0 bilhões.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,501 bilhão em junho ante US$ 1,266 bilhão em igual mês do ano passado. No acumulado do ano, essas despesas alcançaram US$ 9,824 bilhões, valor menor do que os US$ 10,545 bilhões de igual período do ano passado. Para este ano, o BC projeta pagamento de juros externo no valor de US$ 21,0 bilhões.

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