Tribunal do Camboja condena cúpula do Khmer Vermelho à prisão perpétua
Bangcoc, 7 ago (EFE).- O Tribunal Internacional do Camboja condenou nesta quinta-feira dois ex-líderes do Khmer Vermelho à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, na primeira sentença contra a cúpula de um regime que causou 1,7 milhões de mortes há mais de três décadas.
Os acusados são o ideólogo e número 2 da organização comunista, Nuon Chea, de 88 anos, e o ex-chefe de Estado do regime, Khieu Samphan, de 83, que negaram as acusações nesta primeira fase do processo.
“Milhões de pessoas foram vítimas de um ataque global e sistemático contra a população civil que seguia as políticas e planos do partido”, disse o juiz Nil Nonn na leitura da sentença, que foi transmitida ao vivo na internet pelo site do tribunal.
O juiz considerou os acusados culpados de crimes contra a humanidade, extermínio, assassinato, perseguição política e outros atos desumanos, entre eles, deslocamentos e desaparições forçadas, no julgamento da primeira fase da ação contra os ex- dirigentes.
Essa fase do processo serviu para julgar os deslocamentos forçados de Phnom Penh, a capital do país, e o envio de população urbana para campos de trabalho coletivo em zonas rurais, além das execuções de soldados republicanos feitas pelo Khmer Vermelho depois que o regime tomou o poder em 1975.
“Aproximadamente 2 milhões de pessoas foram transferidas à força de Phnom Penh sob falsos pretextos, ameaçadas pelas armas”, disse Nil Nonn.
O juiz rejeitou os argumentos da defesa, que atribuíram a ordem de evacuação ao risco de bombardeios por parte dos Estados Unidos e à falta de alimentos, e os responsabilizou pelos crimes por fazerem parte da “empresa criminosa conjunta”.
Os dois acusados, que poderão recorrer da sentença, enfrentam outras acusações de crimes contra a humanidade e genocídio na segunda fase do processo que começou na semana passada.
O tribunal decidiu dividir o caso contra os líderes do Khmer Vermelho em várias fases devido à complexidade do processo e pelo temor que os acusados, todos eles com idade avançada e saúde frágil, morressem antes que fosse ditada a sentença.
O chefe do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu em 1998 no último reduto da guerrilha maoísta na floresta do norte do Camboja, após se tornar prisioneiro de seus próprios correligionários.
Aproximadamente 1,7 milhões de pessoas morreram durante o regime do Khmer Vermelho, entre 1975 e 1979, por causa de trabalhos forçados, doenças, crises de fome e razões políticas. EFE
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