UE diz colombianos devem se apropriar do processo de paz

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 21h52
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Bogotá, 21 abr (EFE).- Os colombianos devem se apropriar das conversas de paz entre o governo e a guerrilha das Farc para que o processo seja irreversível, disse nesta terça-feira o diretor-geral do Departamento de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO) Claus Sorensen.

Em entrevista à Agência Efe, Sorensen, que visita a Colômbia, destacou os “passos” dados pelo governo do presidente Juan Manuel Santos e os representantes das Farc para pôr fim a um conflito de mais de 50 anos, entre eles o cessar-fogo unilateral das Farc e sua promessa de não recrutar menores de idade.

Este cessar-fogo unilateral foi, no entanto, considerado quebrado semana passada pelo governo após o ataque das Farc contra um destacamento do exército no departamento de Cauca, que deixou 11 militares mortos e 20 feridos.

“Para que um acordo seja irreversível, que espero que aconteça em algum momento, embora ainda leve tempo, tem que haver uma apropriação pela população, e isto não tem a ver somente com as Farc e os círculos de poder em Bogotá, mas com o povo em todo o país e em particular os que mais sofreram”, especificou.

Segundo Sorensen, “uma pergunta crucial” é saber quão disposto o país está em sacrificar a justiça com o propósito de alcançar a paz.

“As vítimas querem conhecer a verdade, mas querem enviar seus algozes à prisão? É uma resposta que as partes envolvidas tem que dar”, refletiu.

Ele advertiu que enquanto o acordo entre as partes toma forma é necessário “um plano de resposta que brinde perspectivas socioeconômicas” à população mais vulnerável, assim como aos atores armados que se desmobilizariam após aassinatura da paz.

“Tem que haver programas de desenvolvimento, escolas e hospitais que cheguem às regiões”, lembrou.

Sorensen afirmou que o país tem um “potencial gigantesco” em termos de riquezas naturais e capacidade econômica e educativa.

“A Colômbia é rica, por isso os doadores internacionais às vezes não consideram necessário desembolsar altas somas de dinheiro, mas sempre houve ajuda humanitária, especialmente para as povoações vulneráveis”, destacou.

Entre 1994 e 2015 a Colômbia recebeu 218 milhões de euros (R$ 714 milhões) em ajuda humanitária vinda da Europa, dos quais 194,1 milhões de euros foram da Comissão Europeia.

Sorensen indicou que, em seu retorno a Bruxelas, “insistirá” que a contribuição ao desenvolvimento econômico da Colômbia esteja acima das tradicionais ajudas humanitárias, que no país se destinam majoritariamente à proteção de pessoas, assistência alimentícia e redução de riscos por desastres, entre outros.

O diretor-geral de ECHO afirmou que as necessidades humanitárias da Colômbia são, no médio prazo, o acesso básico à comida e à saúde, assim como a garantia de proteção a povoações vulneráveis que são ameaçadas por diversos grupos armados.

“Vejo a necessidade de criar uma sociedade mais inclusiva. Sinto que há um potencial econômico gigantesco que talvez não seja dividido”, detalhou.

Sorensen aproveitou sua visita à Colômbia para visitar o município de Tumaco, a um projeto com fundos de ECHO de assistência a vítimas do conflito, e para se reunir com autoridades e organizações locais. EFE

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