Unasul defende criação de cidadania sul-americana para promover comércio

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2015 23h06

Montevidéu, 27 mai (EFE).- O secretário-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), Ernesto Samper, destacou nesta quarta-feira a necessidade de construir uma “cidadania sul-americana” como uma estratégia para promover o comércio “intrarregional”, após liderar em Montevidéu o Conselho de Delegadas e Delegados do bloco.

“Trata-se de considerarmos que a América do Sul é realmente um espaço onde todos possam se movimentar. A América do Sul a cada dia está se abrindo mais para fora e está jogando para dentro. As fronteiras estão se tornando praticamente portas intrancáveis”, afirmou à Agência Efe.

Para Samper, percebemos “todo tipo de restrições para a mobilidade de bens entre um e outro país” por isso ele acredita que é necessário “ser consciente de que, tão importante como se abrir para fora é fazê-lo para dentro”.

“Os níveis de comércio intrarregionais hoje não passam dos 18% quando na Europa chegam a ser de 63%. Isso indicando que estamos bloqueando as possibilidades de comércio e de investimento dentro da mesma região”, ressaltou.

Para ele é preciso “remover todos os obstáculos que impedem a mobilidade dos sul-americanos através da região” e fomentar a integração em todos os âmbitos para que “400 milhões de sul-americanos possam se movimentar com facilidade por uma extensão de 17 milhões de quilômetros quadrados”.

Para isso, é necessário permitir aos sul-americanos “estudar em qualquer parte da região, exercer uma profissão em qualquer parte” com relação ao “tema da homologação de títulos” e possibilitar que os aposentados, por exemplo, “possam desfrutar sua previdência em qualquer lugar”.

Ele acrescentou que as reuniões da Unasul em Montevidéu também se centraram em torno da possibilidade de criar um “passaporte sul-americano que dê identidade as pessoas para que elas se sintam da América do Sul”.

O secretário de Unasul lembrou que atualmente já é permitido aos sul-americanos viajarem entre os países da região sem passaporte, só com a cédula de identidade, mas “falta um reconhecimento de todas as autoridades sobre esse direito”.

Por outro lado, Samper reconheceu a necessidade de revisar as atuais políticas antidrogas aplicadas no mundo e informou que a Unasul teve várias reuniões para chegar a uma posição comum que tenha um novo enfoque sobre o tema.

“Aqui em Montevidéu lançamos a proposta de drogas da Unasul. A Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) levou em conta o documento base da Unasul para a fixação de sua própria posição na semana passada. Eu sou otimista, vamos chegar a uma posição”, disse.

O Uruguai, que exerce a presidência temporária da Unasul até abril de 2016, se tornou o ano passado o primeiro país do mundo a regular a produção, a compra e a venda de maconha pelo Estado como forma de lutar contra o narcotráfico.

Samper, que foi presidente da Colômbia de 1994 a 1998, argumentou que “não há uma região que tenha mais autoridade moral para falar de uma política alternativa em matéria de drogas como a América Latina”.

“Sofremos todos os custos da luta contra o narcotráfico e não obtivemos nenhum benefício. A política que estamos apresentando é, já que fomos duros com o lado frágeis, como são os consumidores, os camponeses, e fomos brandos com outros setores, então façamos o contrário, sejamos duros com os fortes e tolerantes com os frágeis”, defendeu.

Ao longo dos últimos dois dias em Montevidéu, Samper teve reuniões com altos funcionários uruguaios e dos países que integram a Unasul: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela, além do Uruguai.

Entre os temas tratados esteve a agenda de Saúde, considerada prioritária para o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, com quem Samper se encontrou na terça-feira.

A criação de um banco de preços de remédios, a produção de genéricos, combate a obesidade infantil e uma campanha contra o câncer a ser lançada em junho foram alguns dos aspectos abordados na reunião privada.

O Conselho de Delegadas e Delegados da Unasul assinou hoje um acordo para divulgar uma série de documentários que apresentam a cultura dos países que compõem o bloco através de suas televisões públicas, parte das estratégias para construir a “identidade” do continente. EFE

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