Xanana Gusmão renuncia como primeiro-ministro do Timor-Leste
Bangcoc, 6 fev (EFE).- O primeiro-ministro do Timor-Leste, Xanana Gusmão, apresentou sua renúncia ao presidente do país e comunicou à coalizão de governo que cederá o cargo a um líder da oposição, informou nesta sexta-feira a imprensa local.
O lendário ex-guerrilheiro anunciou há uma semana sua intenção de deixar o cargo, cujo mandato expirava em 2017, uma vez que fosse concluída a remodelação do atual governo, e se justificou afirmando que é uma ação necessária para dar lugar aos “líderes do futuro” no país.
Gusmão comunicou sua decisão em carta que entregou ontem à noite ao presidente José Maria de Vasconcelos, conhecido como Taur Matam Ruak, na qual atribuiu seu passo ao “acordo comum” sobre a necessidade de “uma reestruturação profunda”, segundo o site timorense “Sapo”.
Na carta, Gusmão indicou que a reestruturação busca melhorar a eficiência do governo e dar oportunidade para uma nova geração de líderes, para que governem nos dois anos e meio que restam da atual legislatura.
Antes, Gusmão anunciou a seu partido, o Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), e a seus parceiros na coalizão de governo, o Partido Democrático e o Frente para a Mudança, que seu sucessor será o ex-ministro da Saúde, Rui Araújo.
Araújo faz parte do comitê central da do partido opositor Fretilin, que governou o país nos cinco primeiros anos após a independência em 2002, e que foi a segunda legenda mais votada nas eleições de 2012, após o CNRT.
Segundo o “Sapo”, a escolha de Araújo gerou um “grande mal-estar” no seio dos três partidos da coalizão de governo, apesar de contar com o apoio de líderes veteranos como o ex-presidente e ganhador do Nobel da Paz, José Ramos-Horta, e o ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri.
Gusmão, eleito em 2002 como o primeiro presidente do país após a independência, se alçou à chefia do governo após a crise de 2006, que pôs o Timor à beira da guerra civil e levou à ONU a enviar uma missão de segurança que terminou em 2012.
O anúncio de sua renúncia coincidiu com a apresentação de um relatório da organização “Overseas Development Institute”, que alertou sobre o risco de um aumento da instabilidade no Timor com a saída de Gusmão.
A organização argumentou que a melhora da segurança que o Timor viveu nos últimos anos se baseou tanto na liderança do carismático ex-guerrilheiro como na distribuição, entre as várias facções, dos lucros da exploração de petróleo, cujas reservas estão se esgotando.
O Timor-Leste alcançou a independência em maio de 2002, depois de mais de 20 anos de ocupação da Indonésia e de vários séculos de domínio português. EFE
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