Moïse Kabagambe vira trampolim político da esquerda

Assassinato de congolês tem sido explorado como sintoma de um problema estrutural horripilante contra o qual apenas Lula surge como solução

  • Por Bruna Torlay
  • 04/02/2022 09h59
Reprodução/Polícia Civil Imagem divulgada pela polícia mostra homem agredindo congolês com pedaço de pau em quiosque no Rio Moïse Kabagambe foi assassinado em quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, no dia 24 de janeiro

Em maio de 2020, os EUA assistiram a uma série de protestos, coordenados pelo movimento Black Lives Matter, em resposta ao assassinato de George Floyd. A nova moda esquerdista, designada “racismo estrutural”, passou a ser premissa obrigatória de infinitos debates. Uma parte da imprensa brasileira devotou horas e horas de sua programação à cobertura do caso, repetindo como papagaios por aqui o novo conceito em moda, como se o espelho não fosse um artefato comum nos lares brasileiros, e a população não pudesse ver diariamente, ao arrumar os cabelos pela manhã, o retrato da miscigenação estampado em sua cara. A realidade foi deixada de lado e uma comoção artificial foi criada com profissionalismo e maestria pela nova esquerda americana, modelo atual dos comunas tupiniquins. 

“Racismo estrutural” é uma versão moderninha do batido conceito marxista de “luta de classes”. Trata-se de ler quaisquer conflitos particulares no interior de um arranjo social da perspectiva de um embate maior enraizado na cultura; seja entre operários e proprietários (proletariado e burguesia), seja entre brancos e negros. No final das contas, o esquema pressupõe um grupo poderoso e opressor e um grupo destituído de poder e oprimido. Tanto faz qual peça antropológica será empregada no esquema. O ponto é o tal do esquema, que tem sido atualizado com o passar do tempo e de acordo com as reformas do discurso comunista (uma das quais, diga-se de passagem, é fingir-se de morto e superado).

Bem, e a esquerda brasileira está loucamente em busca de seu George Floyd. Moïse Kabagambe, o refugiado congolês brutalmente assassinato num quiosque do Rio de Janeiro, tem sido politicamente explorado, de forma coordenada e sistemática, por lideranças de esquerda. Explorado como sintoma de um problema estrutural horripilante contra o qual apenas Lula surge como solução. A tática típica da esquerda é indicar um problema para o qual ela se apresenta como reposta. Nos EUA, os democratas ganharam a opinião pública e bagunçaram o ano eleitoral com as manifestações em resposta ao caso George Floyd. Trump era ora indicado como origem indireta do problema, ora como o agente público inepto diante do drama. Por aqui, a esquerda procura associar toda espécie de desgraça à figura de seu maior adversário político: Jair Bolsonaro. Diante do caso Moïse, Lula não perdeu um segundo: saiu correndo para tecer nexos criativos entre o crime lastimável e o nome do atual presidente. 

Essa reação evidencia que não são bem a criminalidade, violência e impunidade que preocupam a esquerda, mas unicamente a conquista do poder. O método para isso é destruir a imagem de quaisquer adversários e se colocar permanentemente em posição de superioridade moral. Evocam atrocidades, indicam culpados a torto e a direito, destroem a reputação de gente que nada tem a ver com o assunto, sempre usando o tom dos únicos agentes aptos a fazer tais chagas desaparecerem da face da Terra. Diante da quantidade de crimes violentos gratuitos que atemorizam o cotidiano de tantas famílias, chega a ser indecoroso usar um, dentre inúmeros casos, para promover o linchamento moral de rivais políticos. Veremos o dia em que esquerdistas de plantão prefiram combater linchamentos de quaisquer tipos, em vez de explorar alguns com a finalidade explícita de conquistar o poder?

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