Recrutamento infantil por guerrilheiros cresce na América Latina

Relatórios divulgados na 65ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, revelaram casos de recrutamento de crianças, armamento de menores e sua exploração como armas humanas

  • Por Amal Essabhani*
  • 01/07/2024 14h32 - Atualizado em 01/07/2024 15h31
JOAQUIN SARMIENTO / AFP COLOMBIA-FARC-EP-DISSIDENCE-HOSTAGE-RELEASE Relatório aborda áreas críticas com destaque para a Colômbia como um foco em que as crianças são treinadas na fabricação de bombas e tiro

A jornalista italiana Amal Essabhani enviou colaboração para o jovempan.com.br sobre o recrutamento de crianças por grupos guerrilheiros. O trabalho foi baseado em relatório produzido pela ONU. As conclusões estão a seguir:

Relatórios divulgados durante a 65ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, realizada em Genebra, na Suíça, de 18 de junho a 12 de julho, revelaram casos chocantes de recrutamento de crianças ao redor do mundo, armamento de menores e sua exploração como armas humanas em várias áreas politicamente instáveis globalmente. O relatório abordou áreas críticas na América Latina, destacando a Colômbia como um foco perigoso onde crianças são treinadas na fabricação de bombas, tiro e manuseio de armas.

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Abdul Qadir Filali, presidente do Centro Internacional de Pesquisa sobre Prevenção do Recrutamento Infantil, durante uma discussão paralela à sessão de direitos humanos, explicou que este perigo não está confinado apenas à Colômbia, mas se espalha para países vizinhos como Peru e Equador, sendo alvo de gangues de recrutamento infantil ligadas a organizações internacionais e estados em busca de militarização e guerra no mundo. Filali enfatizou que as fronteiras entre Peru e Colômbia são uma porta de entrada para esses perigos, com o Irã e o Hezbollah visando a América Latina como um terreno fértil para disseminar sua ideologia, especialmente o xiismo islâmico, através de centros culturais persas, instituições religiosas e redes de televisão que propagam mensagens financiadas em espanhol.

Os relatórios também revelaram que organizações terroristas do Oriente Médio, como o Estado Islâmico (ISIS), estão tentando expandir significativamente no Brasil, financiando projetos para estabelecer centros de treinamento e recrutamento de crianças e atrair jovens desesperados para suas fileiras. Além disso, o relatório documentou o aumento alarmante dessa prática em várias partes do mundo, incluindo a Colômbia na América Latina, sul da República Democrática do Congo, campos de Tindouf no sul da Argélia, sul do Sudão na África, Síria e Afeganistão na Ásia, onde países vizinhos são explorados para treinar menores para o uso de armas.

Os relatórios também forneceram estatísticas preocupantes sobre o número de crianças recrutadas na região de Tindouf, sul da Argélia, e as violações dos direitos humanos que enfrentam, sendo forçadas a portar armas e integrar gangues organizadas desde tenra idade, violando seus direitos básicos como segurança e educação regularmente. O relatório focou nas condições desumanas enfrentadas por crianças nos campos de Tindouf, descrevendo-os como “centros de detenção ilegal” e condenou violações repetidas dos direitos humanos, incluindo privação de nacionalidade, exploração militar da população e recrutamento de crianças, além de casos de escravidão sexual.

Daniel Hainer, diplomata suíço, enfatizou a necessidade urgente de que a Europa enfrente o recrutamento infantil, dada sua experiência com guerras passadas, alertando para o perigo que soldados infantis representam para a segurança, e pedindo medidas para erradicar esta praga. Os especialistas unanimemente apelaram à comunidade internacional para adotar medidas imediatas para acabar com essas práticas destrutivas, promover a paz e a segurança para as gerações futuras, e enfatizaram a responsabilidade coletiva de proteger os grupos mais vulneráveis e garantir que mais crianças não sejam obrigadas a suportar o ônus de conflitos armados.

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*Escreve a convite de Fábio Piperno 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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