Felipe Moura Brasil: Lula tentou acobertar seus crimes, indica Palocci

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 08/02/2019 08h05
Reprodução Palocci conta que Lula lhe pediu, em 2016, para assumir a responsabilidade sobre as reformas do sítio, garantindo um álibi ao petista e evitando que a Lava Jato chegasse aos patrocinadores da obra

Um dia após a condenação de Lula a 12 anos e 11 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia, um trecho da colaboração premiada de seu companheiro Antonio Palocci, divulgado pelo site O Antagonista, indicou que Lula ainda tentou acobertar os crimes.

Palocci conta que Lula lhe pediu, em 2016, para assumir a responsabilidade sobre as reformas do sítio, garantindo um álibi ao petista e evitando que a Lava Jato chegasse aos patrocinadores da obra: as empreiteiras OAS e Odebrecht.

Palocci se negou, porque “achava que a polícia viria a descobrir” e porque não tinha “grandes saques” da conta da empresa Projeto que justificassem a reforma milionária.

Lula insistiu e pediu ao ex-ministro que procurasse o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que quis que Palocci buscasse algum empresário para assumir a responsabilidade.

Não deu certo, claro.

Palocci disse também que Lula soube antecipadamente que seria alvo da Operação Aletheia, 24ª fase da Lava Jato.

Segundo o delator, a informação chegou a Paulo Okamotto e Clara Ant, assessora do Instituto Lula.

Okamotto, diz Palocci, aproveitou para fazer “uma limpa” em sua casa, assim como Clara, que ainda transferiu do Instituto para outro local um HD com “os registros de todas as reuniões oficiais efetuadas por Lula nos dois governos”.

Okamotto e Clara não só ocultaram deliberadamente provas que comprometeriam Lula na Lava Jato, como lamentaram que Lula não tenha feito o mesmo, permitindo à PF encontrar documentos comprometedores, segundo o relato de Palocci.

Um relato de obstrução de Justiça, crime que dá cadeia.

Por falar nisso, Palocci também lembrou episódio em que Lula pressionou Dilma Rousseff a substituir os delegados da Lava Jato.

Foi em 2014, quando delegados da força-tarefa elogiaram Aécio Neves nas redes sociais.

Segundo Palocci, “Lula estava esperançoso” com matéria do Estadão sobre o caso, porque “era a oportunidade perfeita para retirar os delegados que estavam à frente da operação”. O ex-ministro conta que presenciou, no Instituto Lula, o ex-presidente cobrando uma posição de Dilma.

“Lula estava irritado com José Eduardo Cardozo, pois dava a impressão de que não estava ajudando a remover os delegados e se irritou ainda mais com a manifestação de Leandro Daiello, então diretor-geral da Polícia Federal, após a publicação da matéria, defendendo os delegados citados.”

Palocci conta que Lula brigou com Dilma sobre a manifestação de Daiello e também culpava Cardozo pela passividade. Ou seja: queria que todos atuassem para acobertar seus crimes, arriscando cada um a própria pele.

As investigações baseadas na delação de Palocci ainda precisam avançar, mas esses e outros relatos estão plenamente de acordo com a verdadeira imagem de Lula: a de um criminoso que usava o Estado em benefício próprio e que só se preocupa consigo mesmo.

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