José Maria Trindade: Renda Brasil vai sepultar de vez a marca petista do Bolsa Família

A prorrogação do salário emergencial adia para o ano que vem o grande programa social do governo, o Renda Brasil

  • Por José Maria Trindade*
  • 03/09/2020 07h20 - Atualizado em 03/09/2020 07h21
Governo Federal/Flickr/Divulgação bolsa-familia Bolsa Família será substituído por um programa mais abrangente, segundo o governo

Ministros planejam o lançamento de um grande programa social para ampliar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro na pré-campanha para a reeleição. Ações coordenadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto, estão sendo preparadas para aquecer a economia e dar suporte ao atendimento social. A pandemia do novo coronavírus mudou o eixo dos debates políticos e mostrou claramente que é preciso atender à base da pirâmide, como fez o ex-presidente Lula com o lançamento do Bolsa Família. O programa foi criticado durante a campanha eleitoral, mas agora a decisão é de ampliar o atendimento e criar um “grande guarda-chuva”, segundo o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Os programas sociais não serão extintos, mas integrados ao Renda Brasil, e a prorrogação do salário emergencial, agora com R$ 300, joga para o ano que vem este esperado programa novo que vai sepultar de vez a marca petista do Bolsa Família.

O projeto fica da seguinte forma: o Renda Brasil será maior, englobando todas as políticas sociais do governo. Dentro do Renda Brasil estará também o Bolsa Família, que vai mudar de nome. Será o Renda Cidadã, com diferenças claras de adesão e de valores. Este novo programa vai pagar cerca de R$ 300. O valor ainda está sendo discutido e depende da reforma tributária e da reforma administrativa. Os critérios serão diferentes de hoje e os beneficiados poderão sair quando estiverem trabalhando e voltar se ficarem desempregados. Haverá também contrapartidas como filhos matriculados e frequentando escolas e frequência em cursos para melhorar a empregabilidade dos que receberem a nova renda.

Na Casa Civil, a ordem do Pró-Brasil é dar agilidade. Em vez de programas grandiosos, novos e caros, na infraestrutura, a prioridade é para concluir obras inacabadas. Algumas faltando pouco para a inauguração. Projetos que tenham conclusão até 2022 estão no alvo desta ação de emergência. O ministro Braga Netto coordena os projetos que foram enviados ao Palácio por todos os ministros e secretários. O pedido foi para que cada um elegesse prioridades tendo como critério a rapidez de execução. Um grupo de trabalho montado no Gabinete Civil faz a triagem e monta a estratégia de conclusão das obras. O presidente quer entregar resultados e o cronograma de inaugurações já está sendo concluído. Surpreendeu o governo a demanda pelo salário emergencial. Foram 148 milhões de pedidos para acesso. Mais da metade dos brasileiros. Os CPFs foram rastreados e se descobriu que 26 milhões de brasileiros estavam fora de todos os programas sociais. A maioria não tinha nem documento e muito menos contas em bancos ou CPFs. Este foi o maior trunfo do governo, segundo avaliações internas. No final, 67 milhões de brasileiros recebem o emergencial que vai até o final do ano. A previsão é de que em janeiro do ano que vem entre em cena o novo programa social, o Renda Brasil.

*José Maria Trindade é repórter e comentarista de política da Jovem Pan.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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