Adrilles: Prática de rachadinha por Flávio Bolsonaro é ‘certeza quase que cabal’

Pedido de investigação do STF sobre supostos relatórios produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi tema de discussão no programa 3 em 1 nesta sexta-feira, 18

  • Por Jovem Pan
  • 18/12/2020 18h26 - Atualizado em 18/12/2020 19h28
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Flávio Bolsonaro é atual senador da República pelo Republicanos-RJ Filho de Bolsonaro é investigado por supostas práticas de rachadinha na Alerj

O diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, teria enviado diretamente ao senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, dois relatórios produzidos de forma clandestina. A informação da revista Crusoé fortalece outra notícia da revista Época, que apontava que os dois relatórios tinham como objetivo orientar a defesa do filho de Bolsonaro para anular investigações no caso das rachadinhas da Alerj. “Não fiz nada, não vou fazer nada do que ele está sugerindo”, afirmou à revista a advogada do senador, Luciana Pires, se referindo às orientações de Ramagem. Com as informações sobre os relatórios, a ministra do STF, Cármen Lúcia, determinou uma investigação sobre o caso. As polêmicas envolvendo a rachadinha na Alerj foram tema de comentários no programa 3 em 1, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 18. Adrilles Jorge lembrou que não há até o momento provas diretas do envolvimento do presidente Jair Bolsonaro com denúncias diretas de corrupção, mas considerou a suspeita de aparelhamento como “gravíssima”. “Em que pese o fato digno do presidente e do governo Bolsonaro não ter uma denúncia direta de corrupção em suas entranhas, tem a certeza quase que cabal que Flávio Bolsonaro praticou a dita cuja rachadinha, prática, usual, que é de corrupção, tão de corrupção quanto o caixa dois, em toda a Alerj. Fica essa sombra em cima do filho do presidente porque também o presidente fez atos em seu governo que de alguma forma corroboram algum nível de suspeita de proteção ao seu próprio filho“, afirmou, citando a questão do juiz de garantias, movimentações financeiras do senador e tentativas de interferências na Coaf. Para ele, é fácil confundir a parceria privada de vida entre Ramagem e Bolsonaro com uma “parceria pública”, o que é arriscado.

Para Thaís Oyama, o sonho da “Abin paralela” era um projeto do vereador Carlos Bolsonaro ainda durante o governo de transição no ano de 2018, que foi pausado por cautela com o mandato de Bolsonaro. “O Carlos chegou a montar uma equipe que formaria essa ‘Abin paralela’. Essa equipe era formada por três policiais federais e comandada pelo Alexandre Ramagem, que naquela época já era amigo dos Bolsonaro”, afirmou. Segundo ela, os militares alertaram sobre a possibilidade da ideia causar problemas e até mesmo impeachment e ela teria sido deixada de lado, mas as suspeitas agora poderiam complicar o presidente. “Para investigar uma turma como essa é preciso ter muita vontade de investigar. A gente não tem visto esse ímpeto de investigação do procurador Augusto Aras nos assuntos que dizem respeito ao presidente da república”, afirmou. Oyama sugeriu que a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos fossem quebradas para que a investigação tivesse início.

Para o jornalista Diogo Schelp, mesmo com os escândalos atuais, há poucas chances de que Bolsonaro seja afetado com uma tentativa de impeachment por causa disso, já que ele tem investido em alianças políticas com partidos tradicionais. “O motivo [para um impeachment] começa a aparecer. A reação do Bolsonaro é muito significativa. Hoje o Bolsonaro em um evento no Rio de Janeiro fez um discurso inflamado contra a imprensa, a mesma imprensa que trouxe essas informações da Abin à tona”, analisou. Ele lembrou que essa não é a primeira vez que o presidente reage dessa forma e disse que ainda em 2019 Bolsonaro não mediu atitudes destemperadas contra jornalistas que questionaram polêmicas envolvendo a família dele. Como outra evidência que aumenta as suspeitas sobre envolvimento do presidente com movimentações suspeitas, ele lembrou de falas de Jair nas reuniões ministeriais denunciadas por Sérgio Moro. “Ele reclamou que não estavam protegendo a sua família e em determinado momento ele diz também que tinha um sistema particular de inteligência que funcionava”, recordou. Pouco tempo após a reunião, a nomeação de Ramagem para direção da Abin foi feita pelo presidente.

Confira o programa 3 em 1 desta sexta-feira, 18, na íntegra:

 

 

 

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.