‘Bolsonaro está inclinado a indicar outro general para compor sua chapa em 2022’, diz Oyama 

Comentarista do programa 3 em 1 afirmou que relação do Palácio do Planalto com as Forças Armadas está ‘gélida’ e que presidente da República busca perfil ‘sobejamente respeitado’ e com ‘traquejo político’

  • Por Jovem Pan
  • 13/11/2020 18h00 - Atualizado em 13/11/2020 18h25
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo bolsonaro-e-mourao.jpg Jair Bolsonaro e hamilton mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira, 13, que “como indivíduo” reconhece a vitória de Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos. Até o momento, porém, o presidente Jair Bolsonaro é um dos poucos líderes mundiais a se manter em silêncio sobre o resultado obtido pelo democrata. O antagonismo entre as declarações de Bolsonaro e Mourão e a relação do governo federal com as Forças Armadas foram temas do programa 3 em 1, da Jovem Pan, desta sexta-feira, 13. “O vice-presidente não dá entrevista como indivíduo. Mourão falou como militar e os militares estão cansados de passar vergonha. Todos os países reconheceram que Joe Biden é o novo presidente dos Estados Unidos. Até a China, maior concorrente comercial. Enquanto isso, aqui nos alinhamos à Coreia do Norte”, disse Thaís Oyama. A jornalista também afirmou que o presidente da República está “inclinado” a indicar outro general para compor sua chapa em uma eventual campanha à reeleição em 2022.

Oyama fez uma retrospectiva de fatos que aconteceram desde a eleição de Bolsonaro que desgastaram a relação das Forças Armadas com o Palácio do Planalto. Entre eles estão: a investigação sobre a prática de rachadinha no gabinete do então deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), a demissão dos generais Santos Cruz e Rêgo Barros do governo. “Toda essa série de humilhações deixou gélida a relação das Forças Armadas com o governo. A relação estava fria e ficou gélida. Tudo isso antes da declaração de trocar saliva por pólvora. Os militares da ativa e da reserva cobraram posição de Mourão. Antes de ser vice, Mourão era presidente do Clube Militar, no Rio de Janeiro, que, na prática, é o braço político dos generais da reserva. O vice-presidente foi instado a tomar posição”, afirma.

Com relação à escolha de outro general para o posto de candidato à vice-Presidência em 2022, Oyama disse que Bolsonaro busca um perfil “sobejamente respeitado, com algum traquejo político e que ainda acredite em Bolsonaro e no governo”, ressalvando que “não são muitos os generais com esse perfil nesse momento”. “Diante do desgaste com o Exército, o nome de um novo general ganha força. Isso traria tripla vantagem: poderia reaproximar os militares, atrair o eleitorado de direita que tem simpatia pelas Forças Armadas e desencorajaria Mourão de disputar a Presidência em 2022. A escolha seria por um general sobejamente respeitado, com algum traquejo político e que ainda acredite em Bolsonaro e no governo. Não são muitos os generais com esse perfil nesse momento”, disse.

Para Josias de Souza,  a “hesitação” de Bolsonaro em reconhecer a vitória de Joe Biden coloca o Brasil na “constrangedora companhia do autocrata Vladimir Putin e do ditador Kim Jong Un”. “Se Bolsonaro ainda fosse deputado de baixo claro, ele abraçaria o ridículo sozinho. No Palácio do Planalto, ele arrasta o Brasil junto. O país é refém da falta de senso de seu presidente. E por que isso é ruim? O reconhecimento do Brasil em relação à vitória de Biden não importa à Suprema Corte americana. Importa ao Brasil porque ele precisa se reposicionar no cenário. [Com a vitória de Biden] O Brasil sai da relação personalista inadequada com os Estados Unidos para ter uma relação adequada com o nosso segundo maior parceiro comercial. É preciso ter uma relação de Estado com Estado. Por isso é importante que Bolsonaro dê o braço a torcer. Isso é de interesse do Brasil”, disse Josias.

Confira o programa 3 em 1 desta sexta-feira, 12, na íntegra:

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