Paulo Figueiredo: único erro de Eduardo Bolsonaro foi ter apagado a publicação sobre a China

Fala do deputado que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara sobre ‘espionagem chinesa’ foi tema de discussão no programa 3 em 1 desta quarta

  • Por Jovem Pan
  • 25/11/2020 18h08
Cleia Viana/Câmara dos Deputados Eduardo Bolsonaro apagou publicação em que acusava China de espionagem

Uma mensagem publicada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro no Twitter e apagada em seguida gerou mal estar diplomático com a China nesta terça-feira, 24. Na rede social, o filho de Jair Bolsonaro, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, anunciou que o Brasil assinou a aliança Clean Network, programa da administração de Donald Trump, e afirmou que o país buscava um 5G “sem a espionagem da China” com essa adesão. Pouco depois, a embaixada do país asiático no Brasil publicou nota afirmando que o parlamentar tem feito “acusações infames e infundadas” contra o país o chamando de “inimigo da liberdade” e falando sobre violações de informações privadas. A tensão foi tema de debate entre os comentaristas do programa 3 em 1, da Jovem Pan, desta quarta-feira, 25.

Para Paulo Figueiredo Filho, cabe ao Brasil tentar se defender de supostas espionagens da diplomacia chinesa, que, segundo ele, é tratada como “santinha”, mas é extremamente agressiva com suas indignações. “Será possível que alguém questione isso e se faça de indignado porque o sujeito falou o óbvio? Como se fosse opinião só do Eduardo Bolsonaro essa questão da espionagem chinesa. Como se fosse uma teoria da conspiração louca”, criticou, mencionando um relatório do comitê de defesa do parlamento do Reino Unido que apontaria conluio entre a Huawei e o governo do país oriental para espionar usuários. “Será que não dá mais para o sujeito falar o óbvio? Já são dezenas de países adotando algum tipo de restrição ao 5g chinês. Talvez o deputado não devesse ter dito o óbvio para não atrair confusão para o governo do pai dele e tal, mas depois de feita a postagem, o único erro dele foi ter apagado. Apagou para quê?”, afirmou.

Josias de Souza acredita que a fala polêmica é sinal de que o governo Bolsonaro é um “centro terapêutico para tratar a esquizofrenia do presidente e da família dele” e criticou as idas e vindas da relação entre os dois países, lembrando de quando Bolsonaro criticou a “vacina chinesa” de João Doria, mas em outros momentos deu sinais de aproximação ao país junto ao vice Mourão. O general chegou a afirmar em visita ao país que via a atuação da Huawei com o Brasil com bons olhos. “Se o personagem se chamasse ‘Eduardo bananinha’ ninguém ia dar importância, mas ele é filho do bananão”, ironizou, lembrando dos riscos comerciais para o país diante da indecisão diplomática de se aproximar ou não a China. “Quem sofre com o caos mental da família é o Brasil. Nós precisamos ter mais clareza sobre qual política externa desejamos desenvolver”, finalizou.

Thaís Oyama atentou ao fato de que mesmo que a adesão ao Clean Network tenha sido feita há semanas, Eduardo Bolsonaro só fez a publicação nas redes após o presidente Donald Trump dar sinais de que permitiria a transição de poder com o democrata eleito Joe Biden nos EUA. Para ela, em países sagazes, isso poderia ser um sinal de que o deputado quer pavimentar o caminho para Joe Biden. “Como a gente sabe, a sagacidade, a estratégia e o planejamento não são o nosso forte”, disse. “A nossa sorte é que os chineses costumam agir de forma bem mais pragmática e mais racional do que o nosso governo, então eles devem contornar mais essa em nome dos interesses, que são mútuos”, pontuou.

Veja o programa 3 em 1 desta quarta-feira, 25, na íntegra:

 

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