CEO da Marfrig conta como conseguiu o melhor ano da história da empresa no meio da pandemia
Gaúcho Miguel Gularte foi entrevistado do programa Conselho de CEO, com Carlos Sambrana, nesta terça-feira, 24; ele é CEO da empresa desde 2018
O convidado do Conselho de CEO, programa apresentado pelo jornalista e comentarista de negócios do Jornal da Manhã, Carlos Sambrana, desta terça-feira, 24, é o gaúcho, médico veterinário e CEO da Marfrig, Miguel Gularte. Com experiência vasta no mercado de proteína animal, espaço no qual atua há quase 40 anos, ele já foi vice-presidente internacional do Minerva Foods, presidente da JBS Mercosul e conseguiu, já como membro da Marfrig, faturar R$ 49 bilhões no ano de 2019 e caminhar para que a empresa buscasse o melhor ano da sua história em 2020, após assumir a diretoria-presidência da empresa. “A Marfrig quando começou o ano, como todas as empresas, ninguém esperava que fosse passar por esse ambiente de pandemia, esse grande desafio. Nós tomamos a decisão de focar em duas coisas: manter a nossa operação funcionando, porque nós produzimos alimentos, alimentos que vão alimentar o bombeiro, o médico, o policial, ou seja, era um serviço essencial, e ao mesmo tempo que nós não parávamos nossas fábricas, nós tínhamos que proteger e dar segurança aos nossos trabalhadores”, lembrou. Ele conta que, focando nesses principais pontos, a empresa conseguiu vencer os primeiros trimestres para atingir expressivos resultados protegendo a saúde de mais de 17 mil colaboradores no Brasil e 30 mil no mundo.
A preparação para o ano de 2020 e uma decisão do Conselho de Administração da empresa do ano de 2018 também foi responsável por parte do sucesso no momento de pandemia. “Eles tinham decidido investir na área de industrializados. É uma área que cresceu no ano de 2020”, lembrou. A internacionalização da empresa foi outro fator que ajudou o Brasil a atingir um bom resultado durante a crise da Covid-19, já que a pandemia chegou primeiro nos EUA. “Todos aqueles processos de aprendizado, de proteção aos trabalhadores, de implantação de protocolo de segurança sanitária, nós começamos a trabalhar neles com algum tipo de antecedência nos Estados Unidos. Quando a epidemia chega no Brasil no mês de março, abril, nós já tínhamos passado pela experiência americana, aprendido com ela e implantado aqui para não sofrer as mesmas consequências ou a gravidade dessas consequências”, afirmou, lembrando que a empresa já previu a desvalorização do real diante do dólar no ano anterior por outros motivos, desativando fábricas ineficientes de outros mercados para dar lugar a fábricas eficientes voltadas a todos os mercados.
Gularte também esclareceu a história de que traços de Covid-19 foram encontrados em uma embalagem da Marfrig enviada à China durante a pandemia. Ele explicou os procedimentos rigorosos da empresa do ponto de vista de pessoas e de produtos para que algo do tipo não ocorra. “Na prática, nós fizemos uma testagem de 100% dos nossos funcionários. Estabelecemos um processo de busca ativa, em que você dentro do número de funcionários que trabalha em cada unidade está constantemente testando de forma randômica diferentes setores”, disse, lembrando que naquele momento não havia como evitar que pessoas assintomáticas entrassem na empresa, mas que todos aqueles que apresentavam qualquer sintoma suspeito eram poupados do ambiente. Ele lembrou que os produtos também passavam por testes e que levavam um longo tempo até chegar ao oriente. “É possível traços de Covid em um produto manipulado como a carne? É possível. É provável? Não, não é provável. Até porque entre o Brasil e a China tem 60 dias de transtime. Um vírus sobreviver 60 dias nas condições de um container ou de carne congelada é muito difícil”, garantiu. O CEO também falou sobre a criação do joint-venture com a empresa ADM, que formou a PlantPlus Foods, produtora de carne vegetal, nos EUA. “Você tem a ADM com toda a expertise em sistemas vegetais, a maior empresa do mundo em sistemas vegetais, e você tem a Marfrig, que tem um parque fabril e a expertise comercial para comercializar esse hambúrguer não só com as grandes redes de fast food, food service, mas também para a exportação”, analisou. Ele considera o processo entusiasmante para as empresas, com uma forma de diversificar o portfólio comercial da empresa que administra. Como conselho, ele lembrou algo pregado dentro da empresa. “A única forma de liderar é liderar pelo exemplo”, disse. Ele lembrou que essa é uma das poucas formas de ter a capacidade de avaliar o que está sendo feito. “Aja, pense e trabalhe com simplicidade”, finalizou.
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