CEO do Nubank conta como experiência ruim motivou a criação de um dos maiores bancos digitais do Brasil

David Vélez participou do programa Conselho de CEO, da Jovem Pan, nesta terça-feira, 20; ele falou sobre planos para o futuro e diferencial do Nubank

  • Por Jovem Pan
  • 20/10/2020 17h11 - Atualizado em 19/01/2021 20h03
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AMANDA PEROBELLI/Reuters Presidente da Nubank CEO do Nubank, David Vélez

O entrevistado desta terça-feira, 20, no programa Conselho de CEO, apresentado pelo jornalista do Jornal da Manhã, Carlos Sambrana, é o CEO e fundador do Nubank, David Vélez. Criado em uma família de empreendedores, o colombiano veio pela primeira vez ao Brasil em 2008, voltou ao país em 2012 em busca de investimentos e abriu o banco digital em 2013, ao lado da brasileira Cristina Junqueira e do norte-americano Edward Wible. Hoje, ele e seus sócios representam um unicórnio brasileiro com mais de 30 milhões de clientes.

A burocracia para abrir sua primeira conta em um dos grandes bancos brasileiros foi um dos fatores que fez Vélez, a princípio um investidor buscando novos campos no Brasil, pensar em empreender e abrir um banco digital. “Foi a pior experiência de consumidor que eu tive na minha vida. Você conhece bem, ter que passar por essa porta blindada, a prova de metal, tem um guarda armado te olhando quase como um criminoso. Os alarmes começaram a soar, eu tive que sair, deixar meu laptop, minha chave, meu celular num locker, entrar na agência, aguardar 45 minutos, falar com o gerente. Esse foi só o começo de umas 20h ao longo de uns cinco meses”, afirmou. No processo de criação do banco, o CEO chegou a conversar com grandes nomes do mercado – todos desmotivaram a ideia de competir com os grandes bancos brasileiros.

“Todo mundo falava que não, que era impossível, que não ia dar. Que a experiência bancária era ruim, mas era o jeito que sempre foi e o jeito que sempre vai fazer”, lembrou. Questionado sobre a possibilidade de abrir o capital da empresa, o CEO não descartou o projeto para o futuro, mas lembrou que não está construindo uma empresa às pressas. “Estamos construindo uma empresa para 20, 30, 40 anos. É uma empresa que vai ser independente por décadas. Vamos fazer os investimentos pensando sempre a longo prazo, e se a visão desse investidor é pegar o dinheiro daqui há três, quatro anos, não deveria investir no Nubank”.

Obviedade para revolucionar o mercado

O CEO do Nubank lembrou do case de sucesso da Amazon, uma “empresa focada em gente”, para elogiar empresas que usam valores óbvios para prestar serviços aos clientes. “Muitas vezes o pessoal me pergunta ‘qual é a mágica do Nubank? Como ele consegue crescer tanto?’ E eu falo: é muito simples, a gente escuta o nosso cliente e a gente cria um relacionamento de confiança humano”, disse. Velez lembrou que o contato cordial com as pessoas é pregado pela empresa, que sempre pergunta como pode ajudar o cliente e como ele está. “A gente não deixa as pessoas aguardarem 30, 40 minutos. É óbvio, mas algumas dessas empresas grandes esqueceram que tinham clientes”.

Por fim, Velez deixou dois conselhos: um de CEO e outro de empreendedor para aqueles que pretendem investir nessa carreira no Brasil. “No jogo do empreendedor eu diria que [o conselho] é se arriscar, sonhar grande, ter ambição, não ter medo de encarar problemas grandes, porque por maior que pareça, pode ser factível. É preciso empreender por definição, a probabilidade de sucesso em empreender é muito baixa. Às vezes não vai dar certo, mas é melhor falhar sonhando grande e tomando grandes riscos do que tentar empreender fazendo algo pequeno”, lembrou. Do ponto de vista de CEO, no qual ele considera estar “mais escutando do que falando”, ele lembrou das qualidades de um bom líder. “Um bom líder é o líder que conseguir vender mais do que um trabalho de nove às cinco. É um líder que conseguir vender um grande propósito. Eu acho que as pessoas cada vez mais, principalmente as mais jovens, não procuram esse trabalho das nove às cinco com cheque para ganhar dinheiro para ir para casa. O ganhar dinheiro é importante, mas não é suficiente”, pontuou.

Assista à entrevista com David Vélez:

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