Endividamento aumenta e famílias usam 13º salário para pagar dívidas

  • Por Jovem Pan
  • 03/12/2015 16h28
Marcos Santos/ Usp Imagens dinheiro

 Mais um desdobramento da pior recessão do país dos últimos 25 anos é o endividamento das famílias. As de São Paulo usaram a primeira parcela do 13º para pagar contas e evitaram fazer novas compras. Ainda assim, o nível de endividamento subiu 5,5 pontos porcentuais em novembro de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados da Fecomercio apontam que, historicamente, novembro não é um dos piores meses, justamente porque tem dinheiro extra entrando. Apesar disso, chegamos ao patamar de quase 1,8 milhão de famílias com boa parte da renda comprometida. É um número preocupante quando associado à conjuntura, na opinião do assessor econômico da federação, Vitor França: “O resultado é uma dificuldade crescente das famílias em conseguir manter o orçamento equilibrado e isso se espelha nos números de inadimplência. Quando se faz a comparação de novembro deste ano com novembro do ano passado, cresceu o número de famílias que já estão com contas em atraso, saiu de 10,5% para 17,1%. Também cresce o número de famílias que dizem que não vão conseguir pagar as contas nos próximos meses, que estava em 3,5% e agora está em 6,8%. Esses números são maiores em famílias de baixa renda”.

E são novamente as famílias de baixa renda que acabam sofrendo mais com a crise na economia e com o desemprego. Também são elas que acabam lançando mão de soluções mais rápidas e extremamente caras para administrar o orçamento. O carpinteiro Jair Vidal perdeu o controle das contas e lamenta: “Sinceramente, só guardar para comer. A dívida cresceu demais. Como pagar com o pouco dinheiro que ganha? Não tem condições”. Praticamente 8 em cada 10 endividados recorreram ao cartão de crédito, como o seu Jair, mas os juros podem chegar a 600% ao ano.

Segundo Vitor França, o cenário para o futuro não é nada promissor: “Como o cenário do desemprego ainda é muito negativo, devemos observar o aumento do desemprego ao longo do primeiro semestre do ano que vem. É de se esperar que no começo do ano, esse dado volte a subir, principalmente porque além do cenário estar ruim, será aquele período que concentra gastos com material escolar, impostos, IPTU, IPVA, então é de se esperar que esses dados, que deram alívio sazonal neste final de ano, tanto por causa do esforço das famílias, como também pela entrada de recursos adicionais, como o 13º salário, voltem a subir ao longo do ano que vem”.

O perfil de endividamento das famílias também tem mudado com a crise. Com a economia aquecida, elas faziam dívidas porque podiam gastar. Agora, elas se endividam por falta de opção para saldar as contas.

Informações da repórter Carolina Ercolin

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