7,7 milhões de jovens trabalham em empregos precários, aponta pesquisa

Dado considera trabalhadores de até 24 anos; fragilidades de renda e estabilidade estão entre os aspectos considerados

  • Por Jovem Pan
  • 16/12/2020 05h50 - Atualizado em 16/12/2020 10h55
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Tony Winston/Agência Brasília Mão pressiona aparelho de captação de digital ao lado de uma carteira de trabalho Ao todo, 66% dos jovens de 24 anos ou menos estão em empregos de baixa qualidade

Formada em teatro, a Shadiyah Becker, de 23 anos, sempre trabalhou informalmente. Hoje, ela ganha a vida fazendo entregas de bicicleta. Não tem salário fixo, nem benefícios, como plano de saúde ou vale refeição. Embora nunca tenha sonhado em ter um emprego com carteira assinada, ela está a procura de um trabalho que possa dar mais estabilidade a ela. “O trabalho de bike é muito cansativo. Eu chegava em casa depois do trabalho e não conseguia fazer mais nada. Então queria pegar um trabalho que eu tivesse mais energia para estudar, para investir mais na minha carreira.

Assim como a Shadiyah, mais de dois terços do jovens têm emprego considerado de baixa qualidade. É o que mostra um levantamento feito pela consultoria IDados. Isso significa que, de cada dez trabalhadores com até 24 anos de idade, quase oito trabalham em situação de vulnerabilidade. Em números absolutos, o número representa 7,7 milhões de brasileiros. Para considerar se um emprego é de má qualidade ou não, foram analisados quatro aspectos: salário, estabilidade, rede de proteção, como INSS, e condições de trabalho. Os empregos dos jovens apresentam fragilidades em todos esses aspectos, mas os piores são renda e estabilidade.

O economista Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e responsável pela pesquisa, explica por que os jovens têm mais dificuldade em ingressar no mercado de trabalho. “Isso tem relação com falta de experiência do jovem, acabou de ingressar no mercado de trabalho, muitas vezes ainda estão estudando, não terminaram sua escolaridade”, diz. Ele afirma que esse não é um problema exclusivo do Brasil, mas diz que é agravado no país por causa da falta de informação e de suporte concedidos aos jovens. “Em outros país, a gente sabe que os jovens, enquanto estão na escola, têm maior orientação vocacional. A própria escola procura ajudar os jovens, orientá-los a respeito do mercado de trabalho e ajudá-los na tomada de decisão sobre que carreira seguir, por que seguir naquela carreira. No Brasil a gente faz isso muito mal.”

A pesquisa mostra que a vulnerabilidade das ocupações cai conforme aumenta a idade do trabalhador. Ao todo, 66% dos jovens de 24 anos ou menos estão em empregos de baixa qualidade. Também estão na mesma condição, 40,7% dos que tem 25 anos até a idade de 64 anos. Os que têm a porcentagem menor, mas também ruim, estão na faixa etária de 65 anos ou mais. Estes somam cerca de 29%.

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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