Apesar das questões ambientais, gestão Biden será positiva para o Brasil, diz CEO da Amcham
Para Deborah Vieitas, a expectativa é que os governos possam estreitar laços e ampliar o fluxo comercial entre os países
A CEO da Amcham, Deborah Vieitas, acredita que o governo do presidente eleito Joe Biden nos Estados Unidos será positivo para o Brasil. Na avaliação de Vieitas, mesmo com as questões ambientais como “pontos críticos” para a futura relação entre os países, a nova administração trará benefícios para a retomada econômica brasileira. “Sendo prioridade do presidente Biden lidar com a pandemia de uma forma mais objetiva e com resultados mais efetivos e também conseguir a retomada econômica nos Estados Unidos, a volta do país como motor da economia global é muito importante para todos e vamos nos beneficiar disso. A expectativa é que o PIB global volte a crescer 4% em 2021. Em 2020, o comércio internacional retrocedeu em 10%, então a expectativa, com a volta da economia americana e também com relações menos hostis com a China, é que o comércio volte a crescer 8% neste ano. Então são os efeitos indiretos que beneficiam o mundo.”
Para Deborah Vieitas, além de ser um tema de divergência com os Estados Unidos, as questões ambientais também já representam um ponto de alerta para os próprios investidores e a comunidade brasileira, que, segundo a CEO, apelam por uma política de proteção ambiental mais concreta. “Um dos primeiros atos do Biden foi o retorno ao Acordo de Paris com compromisso da redução das emissões até 2050. Essa será uma bandeira que ele levará com sua política de relacionamento com a comunidade internacional e é esse entendimento importante que temos que ter, pois é um ponto que podemos ter fricção no nosso relacionamento. Mas Biden, apesar do recado duro [sobre possíveis sanções ao Brasil], falou na oferta de ajuda com recursos para que pudéssemos evoluir nessa questão”, lembrou a CEO da Amcham. Para ela, apesar das dificuldades, a expectativa é que o país possa estreitar os laços com os Estados Unidos e ampliar o fluxo comercial entre os países, que teve uma redução de quase 24% no ano passado.
“O Bolsonaro fez o seu primeiro gesto enviando uma carta Biden em que expressa desejo de Brasil de continuar mantendo relações como estávamos desenvolvendo. Já temos, inclusive, um mini acordo comercial assinado em outubro de 2020 que precisa ser implementado. O que muda, em suma, é que se conseguirmos estabelecer uma relação positiva e pragmática, teremos um número amplo de campos para explorar com os Estados Unidos”, disse, citando diálogos nas áreas de energias renováveis, infraestrutura e saúde como espaços para a “relação melhorar”.
Ainda com relação aos reflexos do governo Biden no mundo, Deborah Vieitas explicou que a postura menos hostil do presidente em relação à China também trará positivos impactos. Embora a competitividade entre os países continue, a CEO da Amcham acredita que o movimento do presidente norte-americano buscará “conduzir a China para uma economia de mercado”. “O objetivo do Biden é levar a China a desenvolver mecanismo internacionais de solução de conflitos comerciais, trazê-la de volta a Organização Mundial do Comércio. No sentido que essa organização seja reforma, tenha liderança e possa ser um órgão efetivo na gestão dos conflitos comerciais que existem no mundo.”
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