Após fala de Mourão sobre demissão de Araújo, Bolsonaro reclama de ‘palpiteiros’
Declaração acontece após o vice-presidente afirmar que o governo pode ser reorganizado para acomodar ‘nova composição política que emergir’ das eleições na Câmara e do Senado
O presidente Jair Bolsonaro demonstrou, nesta quinta-feira, 28, irritação com o vice-presidente Hamilton Mourão, que afirmou que, depois da eleição da Câmara e Senado, o governo pode ser reorganizado e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pode ser demitido. Após fala de Mourão, o presidente, mais uma vez, afirmou que é ele quem nomeia e demite ministros e que, nesse momento, a última coisa que o governo precisa é de ‘palpiteiros” para desestabilizar a equipe. “Toda semana recebo da mídia informações que tentando sempre semear a discórdia no nosso governo. Lamento que gente do próprio governo passe a dar palpites no tocante a troca de ministros. O governo vai indo bem, apesar dos problemas que nós temos, pela pandemia, que realmente deu uma atrapalhada em quase tudo”, disse.
Em entrevista ao Morning Show, da Jovem Pan, o deputado federal Kim afirmou que o vice-presidente apresenta boa vontade para assumir a cadeira da Presidência da República caso Bolsonaro seja afastado do cargo. “Só existe o afastamento do líder do executivo se o vice-presidente já articulou um novo governo, uma nova Esplanada dos Ministérios, o que Hamilton Mourão sinaliza que está disposto a fazer. Sua postura é evidente porque ele já envia interlocutores para dialogar com parlamentares no Congresso Nacional”, disse. Ainda nesta quinta-feira, Mourão anunciou a exoneração de um assessor que teve mensagens com o Congresso Nacional vazadas. As mensagens eram de conversas sobre articulações para um eventual impeachment do presidente Bolsonaro. A assessoria do vice-presidente repudiou, em nota, as informações e afirma que qualquer atitude nesse sentido será considerada desleal.
Jair Bolsonaro e o ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, participaram nesta quinta-feira do programa ‘Os Pingos nos Is’, também da Jovem Pan, para explicar os gastos com alimentação do governo federal, que somam quase R$ 2 bilhões. O chefe do Executivo afirmou que na presidência da República os gastos caíram de forma considerável. Segundo ele, no ano passado, foram usados apenas R$ 26 mil contra R$250 mil no governo de Michel Temer e R$ 460 mil no mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
O ministro Wagner Rosário credita ao próprio portal da transparência a responsabilidade pela divergência nos valores apresentados de forma individual para cada item. O Ministério da Defesa divulgou nota afirmando que as Forças Armadas mantiveram, em 2020, o mesmo patamar de gastos com gêneros alimentícios de 2019, apesar do aumento de cerca de 14% nos preços. Embora tenha minimizado os gastos da administração federal, o presidente Bolsonaro admitiu que ele exagerou na última quarta-feira, 27, quando usou palavrões e expressões vulgares para reclamar da imprensa por conta da divulgação das informações sobre as compras públicas. “Uma parte menor um pouco, mas não é desprezível, a maneira como se critica, pega uma notícia no ar qualquer, ‘ah o presidente comprou R$ 14 milhões de leite condensado’, a gente fica chateado e acabo explodindo, mas tudo bem”, afirmou.
*Com informações da repórter Luciana Verdolin
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